Por Cesar Seara Neto

Eu poderia começar discorrendo sobre o maravilhoso encontro ocorrido no molhe da rampa do Parque Náutico, com os três clubes em Florianópolis, mas vou confessar que permaneço inebriado e emocionado com o bate papo com os Novatos soteropolitanos.

Para poder absorver e melhor aproveitar os ensinamentos dos jovens baianos, me permiti ouvir novamente os ensinamentos recheados de sabedoria infantil, enquanto manejava meu carro de Porto Alegre em direção a minha querida terra natal, Floripa.

Óbvio que o assunto em comum é o instrumento outrora construído de madeira, com uma pá internamente côncava, convexa pelo outro lado, que obedece a mais conhecida das leis da física, a famosa alavanca, capaz de propulsionar os barcos com muita velocidade.

Jovens meninas irmãs que ingressaram no esporte, uma trazendo a tiracolo a outra, criando uma salutar necessidade para levar o irmão caçula a frequentar a hospitaleira garagem do Clube São Salvador, liderada pela simpática Marilene, guerreira, batalhadora e apaixonada pelo nosso esporte.

Move ela uma esquadra de tantos outros grupos de irmãos, desbravando as águas da Ribeira, proliferando este esporte, tão belo e ao mesmo tempo, tão difícil de praticá-lo.

Ouvir das meninas que caminham quarenta minutos a partir das quatro e vinte da manhã, leia-se noite, para poderem chegar ao Clube e treinar, foi algo que tocou meu coração. Algo que me fez de novo, reacender toda minha vontade de buscar mais histórias, divulgar novos causos e encorajar mais pessoas a entrar n’água e empurrar o carrinho com toda sua força, finalizando a remada com braços fortes.

Destaque especial aos ensinamentos do impúbere caçula, que muito jovem, nos responde com a sinceridade que jamais deveríamos perder quando adultos, a questionamentos feitos por mim, de forma não muito lúdicas, ou totalmente desprovido de qualquer fundamentação pedagógica. Fica aqui o alerta a nós remadores veteranos, que o aprendizado é contínuo, e esta geração tão acostumada com o tique-tique dos teclados virtuais dos telefones, tem muito a nos ensinar.

Num passe de mágica, saímos da Baía de Todos os Santos e entramos nas águas das Baías da Ilha de Santa e Bela Catarina, nos reunindo com amigos de carne e osso, outrora virtuais num encontro ao vivo, repleto de remadores, dos três clubes da Capital.

Ouvimos belos depoimentos de dirigentes, técnicos e de algumas remadoras, em especial as que participam do Oito Com Feminino, que disputarão a PRIMEIRA prova nesta categoria, no dia vinte e um de agosto. Este evento merece destaque e nos despertou muito interesse em vir a Floripa nesta data, para subir na lancha em conjunto com a Federação, para transmitir AO VIVO, este fato histórico, contando com a presença dos citados clubes e do Clube Náutico América de Blumenau.

Só de pensar nesta possibilidade, já estou com os olhos embaçados, o coração apertado e as mãos suadas tamanha a ansiedade em registrar mais um episódio nas Histórias de Remador que medalhas não são capazes de contar.

Comenta aqui se você acha que devemos pedir a nossa assistente de bastidores e de palco, atualmente a narradora oficial das regatas, para que ela autorize nossa viagem e se ela deve ou não estar junto nesta transmissão.