Vivendo e aprendendo a remar

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Eu tenho remado com pessoas da minha faixa etária, alguns veteranos no remo, outros aprendizes, alguns mais novos, outros mais seniores. O que importa é que todos nós estamos no mesmo barco com o mesmo propósito, aprender, sempre aprender a fazer o barco andar mais.

Meu irmão, Du Seara, é um grande professor de remo. Costuma dizer que a principal diferença entre meninas e meninos no remo, é que elas querem aprender a remar, eles, a fazer força.

Relembro algo que ouvi a bordo de um Four Skiff, do patrono do GPA, Henrique Schultz: a força vem ao natural. Para quem olha de fora um barco a remo, enxerga muito mais o movimento do tronco e dos braços, causando uma falsa impressão que nesse esporte, temos que puxar, não, devemos empurrar as pernas contra os finca-pés.

Os remos foram projetados de tal forma, que quando soltos n’água, somente as pás submergem. Não é necessário puxar os punhos para cima, não é meu amigo Mário? As pás modernas de cutelo, confirmam isso, a parte longa serve de apoio dentro d’água.

Para transferir a força das pernas até a ponta do remo ou pá, basta que eles estejam na sua posição natural, soltos e livres de forças ou ângulos desnecessários, algo que acontece quando esprememos os punhos dos remos, causando indesejadas bolhas nas mãos. Lembro que o remo não é laranja, logo, não sai suco.

Os aprendizes jovens têm na sua ausência de registros de fracassos em sua memória, a principal vantagem em relação aos mais experientes, com riscos e arranhões nos seus discos rígidos. Crianças não têm medo de errar. O peso do insucesso que nós adultos carregamos, nos impede de chegarmos ao sucesso, que é aprender todos os dias.

O cara da foto escolhida para ilustrar a crônica e me serviu de inspiração para essas minhas elucubrações, chegou ao remo já com boa bagagem esportiva, tendo gingado ao som do berimbau, realizando piruetas elásticas no ar, até a difícil disciplina mental exigida nos tatames.

Estudante de educação física, peitoral cultivado a mostra nos dias de calor, Capoeira, esbanja alegria e simpatia, não há quem não interaja com ele. Sempre te olhando no olho por trás das lentes, vem se aprimorando muito em cima do Skiff, barco dificílimo de se dominar, mostrando que aprender é sempre possível. O cara está andando MUITO.

Mas como tudo na vida tem um porém, nosso head coach João, sempre atento, deixa seus pupilos trilharem seus próprios caminhos de aprendizado, é necessário aprender a pensar sozinho.

Da mesma forma que o professor, devolvo a vocês, a incumbência de retornarem a foto, olhar com atenção, reler o que escrevi acima, e identificar qual o único erro.

Comentem aqui e compartilhem com seus amigos para agradá-los, e com os seus inimigos para incomodá-los.

Categorias: Crônicas

15 comentário

REMARSUL · 29 de novembro de 2024 às 17:39

Adorei o texto, e vendo as imagens na mente, ao ler a crônica, pensei cá “com os meus botões “. Não seria bom ter tais “insights” em video.. imagens que descrevam a leitura de sua escrita… seu pacote já chegou… abraços

Eduardo Quadros · 29 de novembro de 2024 às 18:13

Baita texto Seara, acredito o o detalhe na imagem que não passou aos olhos do João foi a camiseta invertida 🤣🤣🤣

Cesar Seara (Pai) · 29 de novembro de 2024 às 18:41

Uma crônica bem didática e explicativa do esporte do remo. Como se faz?

Cesar Seara (Pai) · 29 de novembro de 2024 às 18:42

Uma crônica bem didática e explicativa do esporte do remo.

Cata · 29 de novembro de 2024 às 18:51

O excesso de confiança é o inimigo mais traiçoeiro. Somos eternos aprendizes.
Ou é uma técnica inovadora ou o cutelo da pa deveria estar para baixo 😄

Mario · 29 de novembro de 2024 às 19:38

Boa Seara. Mas é que tenho punhos altos, então parece que levanto muito. E tenho a força do hábito. Mas com diz nosso querido coach, que não adianta, tá velho, deixa ele ser feliz remando assim…Obrigado por lembrar que tenho muito a aprender…..

    historiasderemador · 2 de dezembro de 2024 às 18:40

    é parece que os punhos são, pelo menos é o que dizem. é para manter a guarda alta?

    o que importa é remar e ser feliz, ou ser feliz e remar. Tanto faz.

Gabriel Colovini Dutra · 29 de novembro de 2024 às 22:23

Vou levar a frase do Sr. Henrique Schultz ” A força vem ao natural ” para os meus alunos, sejam crianças ou adultos.

Fabio Nogueira · 30 de novembro de 2024 às 07:18

Uma bela história de remador

Deixe uma resposta

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

pt_BRPortuguese