Dois Sem Limites

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Quando estamos remando, independente de quem está ao nosso lado, se estamos atrás, fazemos mais força para ultrapassar quem está a nossa frente, e quando estamos em vantagem, buscamos forças do amago de nossas almas, para não sermos ultrapassados.

Quando assistimos a uma corrida de barcos, mesmo que seja entre dois desconhecidos, há uma tendência de se torcer para o barco que está atrás, de modo a ultrapassar o que vem a frente. Podemos também torcer para o que está à frente, de forma a não ser ultrapassado, mas uma coisa é certa: nós vamos torcer, ainda que não se conheça a rotina de treinamentos destes barcos, para um ou para outro.

Agora, quando sabemos que os atletas acordam cedo, levam uma rotina profissional longa e exaustiva, com pouco tempo para um dos itens mais importantes num plano de treinamento, o repouso ou sono, e que ainda tem que se privar de alimentos ricos em energia, que nos dão a sensação de saciedade e prazer, o que acontece? E quando além disto tudo vemos com nossos próprios olhos todo este cenário? Nossa torcida aumenta ainda mais.

Sei que eu sou repetitivo, e sempre estou a falar bem do nosso esporte, o Remo. Também sei que nem todas as pessoas são tão apaixonadas assim como eu, mas não me canso, não me eximo de manifestar meus sentimentos e emoções.

Pois bem, sexta-feira acordamos cedo, Gica e eu, não para treinar, mas para ir ao GPA, encontrar outros apaixonados, para torcer por Luana Fagundes e Isadora Greve, na prova do Dois Sem Feminino Peso Leve no Campeonato Mundial, em Racice na República Tcheca.

O caminho que elas percorreram para arrecadar recursos para atravessar o Atlântico num avião, merece um livro, mas esta #historiasderemador deixarei para outra oportunidade.

Antes da largada, vimos a apresentação das remadoras de Alemanha, Estados Unidos e as italianas bicampeãs mundial na categoria Sub23. Percebemos no semblante das nossas meninas toda a seriedade e responsabilidade que elas carregavam para consigo mesmas, na expectativa de fazerem melhor do que já haviam feito.

A seguir palavras da Isa:

“É com dor no coração e lágrimas nos olhos que escrevo essas palavras…

Este esporte não perdoa, que descida cruel… Lutamos e lutamos como todas as nossas forças para chegar até aqui!

Triste com o resultado, mas mais uma vez grata a Deus por mais esta oportunidade de vida!

@luanadesouzafagundes eu não escolheria uma parceira melhor!

Obrigada por tudo!

Agradeço a todos que nos ajudaram e torceram por nós!”

Sei que depoimento de fã não tem valor racional, pois sou fã desta dupla, mas afirmo com todas as letras, como dizemos em Floripa:

VOCÊS DERAM UM BANHO!

Deram um banho ao nos fazer buscar com vocês o sonho de estar numa final de um campeonato mundial. Nos deram a alegria de ver os nomes de vocês sendo mostrados para todo o mundo. Nos deram a alegria de torcer por vocês, de ver o nome do nosso país, de sentir o coração batendo na boca, de ficar com as mãos suadas e me fazer perceber, que este esporte vale a pena, que não devo abrir mão, nunca, de ser este torcedor, que tenta de todas as maneiras, multiplicar esta paixão.

Obrigado por vocês me fazerem sentir vivo. Obrigado por vocês me mostrarem que devemos sonhar, porém, mais importante do que sonhar, é seguir na busca deste sonho, custe o que custar.

Categorias: Crônicas

9 comentário

Ana Eleonora Sebrão Assis · 25 de setembro de 2022 às 20:59

Seara acredito que escreveste o que muitos de nós pensamos. Luana e Isadora são inspiradoras! São guerreiras, determinadas, disciplinadas, maravilhosas, mas acima de tudo acreditaram no sonho e foram lá! Mostraram ao mundo todo quem são! Elas remaram muito!!!!! E nós aqui estávamos com elas em cada remada. Só posso agradecer por essas gurias mostrarem que é possível chegar onde queremos! Elas são sensacionais!!!!

Gabi Moura · 26 de setembro de 2022 às 10:10

Elas nunca serão as mesmas, nem nós seremos. Esse é o mais importante valor construído a várias mãos em torno de um objetivo. Só o esporte faz isso, e o REMO em especial.

Sandra Regina da Silva Cayres Berber · 26 de setembro de 2022 às 10:17

Essa é a realidade de muitos remadores que hoje são campeões. Que não deixaram que os obstáculos da vida interrompesse sua carreira como atleta, e que os impedisse de buscar a vitória nas competições, em que nem sempre eram os favoritos.
Garra, força e determinação não pode faltar em qualquer esporte. O Remo, como esporte náutico, também castiga com o frio e o vento, á quem se dispõe a um treinamento sério.. Nem sempre o “mar está um azeite”, como diria o meu pai, Sady Cayres Berber. Só com muito amor ao Remo para seguir na batalha!
Fiquem firmes, meninas, que as glórias do Remo logo chegarão à vocês. Parabéns pela participação e pelo comprometimento com o Remo!👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

Luana de Souza Fagundes · 26 de setembro de 2022 às 13:11

Muito obrigada pela crônica Seara, lindo texto e agradeço todo o carinho de sempre!
Um grande abraço.

Antônio farias filho · 26 de setembro de 2022 às 13:31

Parabéns Neto pela crônica!
E PARABÉNS à Luana e Isadora que muito bem representaram nosso Brasil nesta final de mundial!!!

Rogério dos Santos Torre · 26 de setembro de 2022 às 13:33

Cesar, parabéns pela crônica. Estas meninas ainda não tem dimensão do feito que realizaram, do quanto nos orgulhamos delas e de como nos emocionaram ao serem mostradas para todo o mundo; duas gepeanas representado o Brasil e o nosso clube nas águas tchecas. Mostraram do que são feitas, assim como o João e todos que de alguma forma ajudaram, incentivaram, apoiaram e torceram por elas. Vai chegar o dia que ao assistirem a sua prova, não com os olhos mas com o coração, verão que não é apenas um barco e duas remadoras descendo a raia, vão enchergar o todo, cada um, cada uma, cada gota e lágrima, cada escolha e tudo fará sentido, e verão a todos nós, descendo a raia com elas, não fisicamente, mas em alma, que é a única coisa que realmente importa. Honraram as tradições mais nobres do nosso esporte e do nosso glorioso clube. O tempo trará a verdadeira medalha a cada uma, não aquela da linha de chegada, mas a do esforço máximo apesar de tudo. Saudações Gepeanas.

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