Os Mais Novos Talentos
Por Cesar Seara Neto
Difícil saber por onde começar, quando se tenta relatar a emoção vivida, se ainda é sentida.
A competição dos Novos Talentos iniciou para mim na quarta-feira, feriado de Finados. Estive no local para rever a chegada da raia da Ilha do Pavão, como se por um milagre, fosse possível o rio desviar seu curso.
As delegações do Saldanha da Gama (ES), Flamengo (RJ), Corinthians e Pinheiros (SP), já haviam chegado. Pedi autorização aos técnicos para fazer uma breve entrevista com os atletas, sobre suas expectativas da competição, o que estavam achando da raia, instalações etc.
Uma resposta repetida por muitos foi:
– Viemos para vencer!
Ouso escrever que TODOS os participantes que subiram nos seus barcos, são vitoriosos, mesmo que no seu peito, uma medalha não tenha voltado pendurada.
Além dos clubes citados, participaram também: Paysandu (PA), Paulistano e Bandeirante (SP), C.R. Curitiba (PR), Riachuelo, Martinelli e América (SC), União, GPA e Centro Português (RS). O Club de Remeros Mercedes do Uruguay participou como convidado, o que deu ainda mais brilho ao evento.
Quase todos os dias, acordei as quatro horas da manhã, tal qual uma criança quando ganha sua primeira bicicleta, ansioso para pedalar. Havia uma grande expectativa com a chegada do Luca S. Leger, remador Sub23 do Clube Náutico Riachuelo, que viajou de forma voluntária, especialmente para pilotar seu drone e transmitir ao vivo a melhor imagem possível, para nossos seguidores. (Confiram no nosso canal do YouTube, as imagens de Drone, o cara é profissional!)
Infelizmente a tecnologia nos prega algumas peças, e a conectividade da internet que chegava na Ilha, não era veloz o suficiente, ao ponto de permitir a transmissão ao vivo das belas imagens capturadas por ele, mesmo assim, brinquei e me diverti, contando e narrando as Histórias de Remador que medalhas não são capazes de contar.
Muitos já sabem, iniciei esta empreitada em maio de 2020, elogiada por algumas pessoas como um bom trabalho por mim realizado. Na verdade não é um trabalho, mas confesso, organizar, escrever, conhecer e divulgar estas histórias, dá um trabalho danado.
Meu objetivo originalmente, era contar as histórias engraçadas que aprontávamos na garagem, nas viagens e no ambiente derivado do Remo.
Uma história em especial para mim, sempre tem destaque, pois acredito ter sido fundamental para os meus curtos, porém intensos seis anos da prática deste esporte, não terem sido ainda mais curtos.
Aqui me refiro ao fato do meu pai ter entrado na parte administrativa ou diretiva do esporte, ao perceber que eu havia me interessado pelo esporte. Já nos primeiros meses de prática, ele passou a frequentar o Clube de Regatas Aldo Luz onde iniciei, levando a tiracolo, meu irmão caçula, Du Seara ou Searinha, com dez anos à época.
Meu pai foi diretor de Regatas e presidente do Clube, posteriormente da Federação de Santa Catarina. A família toda estava envolvida e envolta, no e pelo Remo.
Hoje em dia, vejo que esta sacada dele foi decisiva, mas por motivos profissionais, decidi me dedicar aos estudos e em seguida a minha carreira na engenharia. O pai como sempre, acatou e apoiou a minha decisão em abandonar o Remo.
Passados mais de trinta anos, quando percebi, eu estava de novo em cima de um barco e como se fosse a minha primeira bicicleta, segui brincando de remar, da forma séria e compenetrada que o Remo sempre foi para mim.
Ao ver tantas meninas e meninos, tão jovens, com tanta coisa a aprender, tanto a se desenvolver, não consigo controlar a emoção, assistindo e narrando suas provas, onde dedicam com tanto esmero, toda sua energia para cruzar a linha de chegada.
Quem sabe nesta turma que remou nas águas do Lago do Guaíba, apareçam atletas Olímpicos, para nos trazer alegria e orgulho.
De todas as mensagens e abraços, encontros físicos de amigos antes virtuais, ouvi o depoimento da mãe de um dos pequeninhos, bravos guerreiros, que lutaram até a última remada, para vencer barreiras impostas pelo vento contra e sua própria tenra idade:
– Muitos pais se emocionaram com sua narração, fez muita gente chorar.
E assim encerro mais esta crônica, sempre deixando uma sensação de que está incompleta, permitindo ao leitor participar com seus comentários, críticas e sugestões, na expectativa de que o próximo encontro seja brilhante e disputado, seja rico e caloroso, e que me faça descer mais lágrimas, tal qual esta que está por cair.
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8 comentário
Acácio Mund Carreirão · 8 de novembro de 2022 às 18:31
Que lindo, Seara, levar e sentir emoção!
Isabel Sanches · 22 de novembro de 2022 às 10:15
Linda essa história! Realmente você estar lá e nos aproximar do campeonato foi muito importante, ajudou a nós aproximar dos filhos, e torcer por todos! Penso igual só deles estarem lá com coragem e vontade são vencedores! Porque olhando de fora parece fácil remar, mas exige muito, precisa de muitas técnicas para se fechar ao resultado! Parabéns!
historiasderemador · 22 de novembro de 2022 às 15:48
Ainda que não entrem no barco, a participação dos pais é fundamental. Parabéns por conseguirem permitir aos jovens talentos, desfrutar deste importante aprendizado.
Marcelo Galego · 8 de novembro de 2022 às 18:57
Parabéns Seara! A emoção de participar de uma regata perdura a cada nova prova. “Se não tiver frio na barriga, não tem graça.”
Sandra Regina da Silva Cayres Berber · 8 de novembro de 2022 às 20:23
É mesmo emocionante ver estes garotos e garotas começarem a despontar seus talentos e ambições esportivas! A família é fundamental para a continuidade dos treinos. Nem sempre será fácil conciliar Remo, trabalho e estudos!
Alguns atletas acabam se afastando dos Clubes, mas como as amizades dentro do Remo são consolidadas pelo companheirismo e amor pelo esporte, um dia aparece a oportunidade de um regresso.
Parabéns aos competidores, técnicos e Clubes que participaram desta Regata!
Que venham muitas outras!
historiasderemador · 8 de novembro de 2022 às 20:29
hoje em dia sem cabelos, eu ainda sinto o mesmo frio na barriga!
Carlos Eduardo Bedê · 9 de novembro de 2022 às 08:57
Sua forma de narrar a história do remo é algo que poucos clubes o fazem. Registro é importante. Cultuar o passado como experiência e ter referências , são formas importantes de fazer valer os momentos. Novos Talentos são todas as habilidades que também conseguimos manter. Continue jovem. Abraços
historiasderemador · 9 de novembro de 2022 às 20:39
Grande Carlos! Velho é quem não brinca! Tamu junto