Pedido a Santo Antônio

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Aproveito o mês de junho, quando se comemoram muitos santos, para ao final deste texto, fazer um pedido a Santo Antônio, mas ATENÇÃO, não pule para o final, pois terá que retornar ao início, a fim de que o pleito possa ser entendido.

Tal qual já noticiado aqui, a tietagem escancarada iniciou no domingo. Aproveitei o feriado de quinta-feira para continuar dando vazão ao meu modo torcedor, acompanhando de perto na lancha, mais um treino da Seleção Brasileira, desta vez uma volta do Lages, com a presença ilustre do Quatro Sem Feminino, Lara, Maria Clara, Xouzita e Milena. Vários momentos foram capturados em vídeo, com as meninas dando show.

Este sábado começou da melhor forma possível, sem vento, rio calmo com alguns aguapés sorrateiros, prontos para nos assustar, temperatura muito agradável.

Minha cunhada Renata, ouviu certa vez, uma mãe respondendo à filha, sobre a diferença entre poblema e pobrema.

Poblema são os que temos na vida. Pobrema, são os de matemática.

A guarnição para a qual fui escalado, foi o Skiff, eu comigo mesmo, saindo para remar até a entrada do Canal do Lages, com o dia ainda escuro às seis horas da manhã. Momento especial para se concentrar na remada, deixar a cabeça dominar a situação, porém, como qualquer ser humano que sou, volta e meia os problemas, os da vida, vinham de forma involuntária, dominando meus pensamentos.

Uma proposta de trabalho enviada sem o devido retorno, um depósito que não se concretizou, aquele serviço grande a ser iniciado, mas não inicia devido às burrocracias, enfim, a mesma história moderna que todos nós vivemos, cada um da sua forma.

Voltei exausto do treino, tudo que havia em mim na forma de energia, ou quase tudo, ficou no rio, deixei o suficiente para conseguir me erguer do barco. A parte boa estava por vir, movimento da gurizada na rampa do GPA. Baixa os remos, verifica o itinerário a ser percorrido com o professor para os temidos tiros de dois mil metros.

O Campeonato Brasileiro ao final deste mês se aproximando, por isto, é necessário treinar tal qual no dia da competição, medir os tempos, calcular os handicaps entre os diferentes tipos de barcos, as categorias de idade e gênero.

Foram dois tiros com muita emoção, e para temperar ainda mais, o professor convidou os timoneiros Nico e Thallys para subir na lancha e acompanhar a descida dos seus colegas remadores. Eu procurei filmar tudo, atento a minúscula tela da câmera, de modo a enquadrar da melhor forma possível, toda a dedicação, concentração e esforço da meninada.

Impossível não lembrar os treinos na minha juventude, com toda a ansiedade pela viagem, a competição. Quem serão nossos adversários? Será que vamos ganhar uma medalha?

Ao meu lado, Thallys, com seus poucos anos de remo, já conhece a emoção de uma prova, e contagiado pelo calor da disputa, não sabia se torcia, se contemplava o show que víamos, ou se tentávamos escutar as palavras de ordem do professor, extraindo o máximo de todas as guarnições, remada a remada.

O que ganhamos foi um final de tiro fantástico, com uma disputa lado a lado, remada a remada. Os barcos que largam depois, lutando para alcançar os que partiram antes, e estes, dando seu máximo, para não serem ultrapassados. Que tiro!

Espero até o final da revisão deste texto, estar com o vídeo editado, disponível no YouTube.

Agora, você que pulou aqui para o final, não tendo controlado sua ansiedade e curiosidade, vou pedir que retorne ao início, para não perder o miolo desta história, mas se você cumpriu o nosso acordo invisível, receba meus parabéns.

O pedido na verdade não é a Santo Antônio, mas sim para você, leitor amigo, que prestigia o portal, para que compartilhe com alguém, que ainda não teve a mesma sorte que o Thallys, para acompanhar e torcer uma prova de Remo, de modo a aumentar esta Comunidade.

Comente o que você achou desta ideia e do texto.

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10 comentário

Seara Pai · 11 de junho de 2023 às 15:30

Como sempre, relatos emocionados e cansados do treino!!!!

    historiasderemador · 11 de junho de 2023 às 15:42

    O Remo é uma fonte inesgotável de inspiração para crônicas e relatos.

      Suzana Zelmanovitz · 11 de junho de 2023 às 18:08

      Show. Seara. Ainda bem que não encontraste nem boia nem aguapé desta vez

Joaquim Ameba · 13 de junho de 2023 às 00:02

Ângulos de filmagem excelentes, com a sensação de estar ali no barco, avaliar como cada barco tem sua “altura”, com dois remos cada, com um remo, porra, sensacional relato e vídeos.
Excelente.

EVANDRO ÁVILA · 13 de junho de 2023 às 12:57

Extraordinário, Neto, dá para se ter completa sensação de estar no barco puxando uma raia.
Ótimas lembranças desse tempo.
Abraço a todos!

Sandra Regina da Silva Cayres Berber · 18 de junho de 2023 às 22:19

Lindas imagens!! Deve mesmo ser uma volta só passado, ver essa gurizada repetindo as remadas que você deu há algumas décadas.

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