A tietagem continua

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Acordei na sexta-feira às cinco e quarenta, meia hora mais tarde que o normal. A previsão do tempo era de chuva até às oito horas da manhã, mesmo assim sob o guarda chuvas, caminhei até a garagem, peguei meu carro e dirigi rumo ao Cais, para a balsa das sete do União.

O convite do coordenador técnico da CBR para acompanhar e registrar mais um treino da Seleção Brasileira foi e sempre será aceito. Desta vez, havia um motivo especial a ser discorrido mais a frente neste ensaio.

O inverno gaúcho é característico pelo frio úmido, mas toda a minha teimosia em acompanhar o treino na lancha, valeu a pena, além de conhecer o Canal muito bem batizado de Formoso, ganhei uma rouquidão que atrapalhou um pouco a transmissão do REGARI 2023 no sábado.

Além do Marcello Varriale comandando o treino, Roque Zimmermann, filho do Highlander Índio, do Clube Náutico America de Blumenau, SC, acrescentou muito, pelo menos para mim. Minucias técnicas conversadas entre eles sobre o comportamento e reações dos atletas aos comandos e orientações, com uma ótica do lado psicológico, transformando o bote motorizado, num verdadeiro divã aquático.

Como sou filho da minha mãe e do meu pai, leia-se metido, aproveitei estes momentos para enche-los de perguntas e associações com as minhas experiencias como atleta em nível estadual que fui. São estas nuances que tornam o trabalho do Educador Físico tão importante.

Terminado o treino longo e demorado da equipe sênior, o sol tímido tentando aquecer nossos esqueletos, perguntei ao Roque se o Daniel Passold Filho iria treinar. A resposta foi um sim negativo. Isto quis dizer que ele faria um trabalho rápido, parte progressivo, outro contínuo e para finalizar, um tiro com intensidade acima do ritmo de prova, o famoso pra morrer.

Aqui começa o real motivo da minha fé em São Pedro, mesmo que a chuva não cessasse a tempo de um treino n’água, eu gostaria muito de dar um abraço de boa viagem, na dupla remador e técnico, que encontraram as atletas de Pelotas, RS, Ana Júlia e Brenda, embarcando para o Mundial na França.

Encontrei o mesmo Dani, aquele que sua mãe tão bem definiu com apenas estas quatro letras, sereno, focado, prestativo e educado. Dentro d’água, valente e aguerrido, mas acima de tudo, questionador de si mesmo. Sua postura ereta com seus oitenta quilos, me olhando de cima do quase metro e noventa, demonstra bem porque ele é um campeão. Aproveita cada momento para transforma-lo num resultado positivo, mesmo que o vento Sul estivesse revolvendo as águas do Delta do Jacuí, não se esquiva de remar o combinado e planejado pelo seu técnico.

Ouvir o seu feedback tentando se livrar das marolas e ainda fazer o barco andar, foi para mim uma emoção muito grande, tal qual a que sinto agora neste momento que escrevo.

O abraço rápido, mas muito forte e apertado na rampa, ao lado do barco nestes dois amigos que o Remo me deu em tão pouco tempo, de raros encontros, confortam a minha alma, e confirmam que é isto que vale a pena na vida, saber que somos todos pessoas de carne, osso e sentimentos, umas que torcem, as outras que fazem.

Boa Viagem!

PS.: Gostaria de falar sobre a experiência da Regata Gaúcha de Remo Indoor – REGARI 2023, mas como este texto vai ao ar sem a leitura da revisora editorial, não o farei. Já sei que seu parecer seria: crônica não é ata de reunião de condomínio.


12 comentário

Joaquim Ameba · 30 de julho de 2023 às 18:04

“mas bah, capaz, minuano de rengueá cusco”.
Revisora linha dura, mas que prima pela qualidade.
Excelente relato, cheguei a colocar um casaquinho.

Acácio · 30 de julho de 2023 às 18:10

Não à toa, Seara, são atletas de seleção.

Bela abordagem!

    Roque Ricardo Zimmermann · 30 de julho de 2023 às 22:06

    Obrigado pela companhia amigo.
    Sempre é muito bom nos reencontrarmos e termos um pouco mais de “histórias de remador”.
    Grande abraço.

    historiasderemador · 31 de julho de 2023 às 11:50

    E pra chegar na seleção, tem que empurrar muito de perna! Quem rema sabe.

Antonio Farias Filho · 31 de julho de 2023 às 10:34

Neto, seus relatos nos conduzem a cena do momento.
Parabéns pelo grande trabalho de divulgação do Nosso Esporte do Remo!!!

Augusto Seara · 31 de julho de 2023 às 21:00

Dá lhe Brima! Muito boa…Parabéns pelo trampo! Abs

Rosane · 2 de agosto de 2023 às 10:16

Já deves ter material para um livro!! Está muito bom!!!

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