Por Cesar Seara Neto

Eu odeio dizer, mas eu sempre tenho razão. Esta frase não é minha, e nem com toda a minha empáfia, eu conseguiria pronuncia-la, a não ser nos meus constantes momentos de ironia. A autora é a Gica, batizada Gilberta, a que manda aqui em casa. No transcorrer do texto, o leitor haverá de concordar com ela, por enquanto, segure sua ansiedade e viaje comigo neste relato sobre a REGARI 2023.

Quem vai ao show, não frequenta o ensaio. Treino é treino, competição é outra coisa. O teste que fizemos no União do software para a coordenação e monitoramento das provas da Regata Gaúcha de Remo Indoor, ocorreu dentro do esperado, faltava apenas o detalhe da transmissão ao vivo no canal do YouTube. A ideia era utilizar a câmera do Sul Americano Jr e Sub23 do ano de 2022, conectada no notebook através do software de estúdio virtual.

Para esta parafernália dar certo, é necessário um link de internet poderoso e estável, o que não ocorreu. Fiz a transmissão pelo telefone. Está registrado, mas diante do sucesso que foi o evento, confesso que engoli o meu desempenho como se fosse uma baga de mamona, cheia de pontas, rasgando o meu orgulho, garganta abaixo.

Esta nossa mania de Remador, de olhar para a parte vazia do copo, é um dos nossos maiores entraves. Sofremos demais com os resultados que não deram certo. Perdemos o precioso tempo para criar ainda mais com os sucessos obtidos.

Neste ano tivemos um encontro no canal do YouTube intitulado Liderar é. Um dos representantes foi o Werner, atual presidente da REMOSUL. Ele exerceu seu papel de líder de forma natural, organizando o evento no Shopping Praia de Belas, quando extraiu dos seus colaboradores grande empenho e dedicação.

As pessoas que ajudaram na organização, montagem das máquinas e cenário das provas, estão a sua disposição graças ao seu carisma. Pessoa eloquente, muito articulada, inteligente e acima de tudo, um apaixonado pelo esporte.

Deixarei a ele, a difícil e quase impossível tarefa de listar os nomes das pessoas que o ajudaram a tornar o evento acima de tudo, divertido. Presidente, não esqueça daqueles que carregaram as máquinas, remaram nos testes, puxaram fios, etc.

A grande vantagem deste tipo de competição é a proximidade física entre os atletas. Terminada a prova, em dois passos é possível dar um abraço no seu adversário, coisa que nos barcos só é possível quando se encontram no pódio, mas quem não chega entre os primeiros não sobe nos degraus da glória, e muitas vezes, a inibição impede a confraternização.

Muita gritaria, muita torcida, pescoços curiosos se esticavam por cima da plateia que rodeava a galera, na tentativa de registrar e entender o que se passava com aqueles malucos indecisos que iam e vinham, pra frente, pra trás, fazendo caretas maiores que suas últimas forças para terminar a distância preestabelecida da prova.

Ao retornar ao meu posto principal, câmera e narrador, após a minha prova de quarteto acima de 45 anos, recebi o microfone das mãos do Dilermando, o Mano, um dos líderes da ACARES, com a seguinte frase:

– Devolvo para o dono do canal.

O conceito de propriedade atribuído ao canal, outrora chamado de nosso canal, mas corrigido com precisão e maestria pela Gica, quando suprimiu o pronome da primeira pessoa do plural, tornando o canal impessoal. Embora tenha sido criado para contar Histórias de Remador, que nada mais são do que pessoas de carne, osso, sentimentos e emoções, tento desassociar a minha imagem do perfil ou canal, com a expectativa de conquistar mais mãos para contar estas façanhas, mas sabemos que pessoas gostam de interagir com pessoas, e a minha figura acaba atraindo, ou o que não desejo, afugentando aqueles que até aqui chegam.

Reitero aqui o convite para que encaminhem suas histórias, fotos, registros, sugestões de entrevistas ou eventos. Em breve farei um bate papo com as técnicas de Remo que trabalham no Brasil: Letícia, Vanessa, Rita, Marilene, uma profissional no Amazonas, e parece que tem mais, quem puder contribuir com nomes e contatos, sempre é bem-vindo.

Esta crônica é uma homenagem a todos que me possibilitam a oportunidade para estes meus ensaios, em especial a equipe da CBR, que esteve no Mundial Sub19, liderada pelo técnico Roque Zimmermann, do América de Blumenau, Daniel Passold Fº, atleta do América, Ana Julia Ferreira e Brenda Madruga, atletas iniciadas no Projeto Remar para o Futuro do técnico Oguener Tissot.