Carlos Ariosto remando no País das Maravilhas

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Papai, hoje acordei com uma felicidade enorme dentro do meu peito juvenil, algo impossível de controlar, mas não sei ao certo o que motivou. Talvez, tenha sido um sonho que não consigo me lembrar, disse Carlos Ariosto, setenta e três dias após completar catorze anos de idade.

Este sentimento está me inspirando a fazer algo diferente, mas não sei o que é. Farei uma pesquisa nas redes e tentarei encontrar algo que dê sentido a minha vida, deixarei o espírito livre para que eu possa dar vazão a toda esta torrente de felicidade, que não cabe mais em mim.

Diante de tantas opções e variedade de coisas, Ariosto deixou de olhar aquele aplicativo onde as pessoas gostam de fazer dancinhas, e passou para o outro que valoriza muito o visual, inclusive de quem também faz estas gracinhas. Não foi fácil encontrar, porque Ariosto tampouco sabia o que procurava. Após exaustiva busca, acabou se deparando com algo encantador.

E o que é este algo encantador? Perguntou o atônito pai.

Eu vou praticar Remo.

Remo? Mas o que é isto? Teu avô que tudo sabe, tudo conhece, NUNCA sequer citou Remo para mim.

Ah, é um negócio em cima de um barco fininho como assobio de passarinho. A pessoa fica toda encolhida com os braços abertos, de repente estica e empurra as pernas e puxa os braços. Aquilo começa a se mover. E olha, parece rápido, porque os cabelos lisos da menina, atados num rabo de cavalo, voavam.

Para de bobagem, isto deve ser coisa do vento. Não, o lago Paranoá estava lisinho, sem nenhum balancim de vento!

Paranoá?

Sim, em Brasília eles remam. Papai, eu fiquei encantado, porque a menina, além de muito simpática, fazia uns malabarismos com as pás dos remos, virava e desvirava, sem encostar na água. Parecia o Daniel San se equilibrando pulando de um pé para o outro, em cima de um poste. Eu cheguei a pensar que as pás eram como uma hélice que ao girar moviam o barco. Outra coisa que me chamou a atenção, parece que as mulheres tem mais facilidade para remar do que os homens, vi alguns vídeos e tinham muitos caras fazendo caretas. Sei lá, vai que é promessa…

Um dia eu quero remar um Skiff como ela.

Skiff? Mas isto significa caixão de defunto em inglês!

Era isto que ela falava e estava escrito na legenda, Single Skiff, deve ser barco para solteiros, senão seria Married Skiff.

Alto lá. Você quer dizer que é algo parecido com o que os Vikings faziam nos seus barcos, quando pretendiam invadir a terra dita dos Saxões?

Exatamente, mas aquela menina remando, fazia aquilo com maestria, um ar de felicidade se espalhava por todo o seu rosto, enquanto manobrava os punhos amarelos dos remos. Não me parecia que carregava sangue nos olhos, sedenta por invadir e tomar novas terras.

Está bem, mas espere um pouco.

O que foi?

Posso levar o seu avô? Alguém que conhece tanta coisa bonita, não pode deixar de conhecer algo, segundo o que dizes, ser o que há de mais belo no mundo.

Na foto Lara Pizarro, remadora do Crossrowing em Brasília


3 comentário

Carlos Eduardo Santiago Bedê · 21 de outubro de 2023 às 08:59

A narratva nao tem a singular de quem sendo jovem descobre o remo como esporte. O remo está mais para a esgrima, como uma das práticas desportivas no universo dos esportes. A grande vantagem da singularidade é que, não sendo praticado, ocupa menos espaços do que as quadras poliesportivas espalhadas aos montes na terra do futebol.

Adorei sua invocação. Parabéns

Lara Postiglioni Dornelles Pizarro · 21 de outubro de 2023 às 11:46

Que coisa mais linda esse texto Seara!!! Parabéns, amei!🫶

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