Umbigo de cristal

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Esta semana, algo me incomodou na região do abdômen, não sei se somatizei mensagens indesejadas que recebi, ou se é devido ao cotidiano profissional e suas picuinhas resolvidas uma após a outra.

Tenho procurado escrever histórias de remador, baseado em fatos e relatos que presenciei ou ouvi. Conversas intermináveis recheadas de emoção e sentimentos, de tão intensas, acabam se tornando atemporais, e por mais estranho que pareça, impessoais, onde o protagonista deixa de ser o elemento principal, passando ao papel de coadjuvante, havendo uma inversão de status, tornando a cena mais importante do que os próprios personagens.

Vi alguns casos de atletas de sucesso no Remo, que trilharam seu caminho, remada a remada, de forma solitária com nenhum ou quase nenhum apoio familiar. Buscaram nos Clubes ou amigos, a estrutura de sustentação que um atleta necessita. O que um jovem mais precisa, é ser ouvido, entendido e orientado a pensar sozinho. Neste aspecto, caímos na questão de valores pautados pela ética e moral que aprendemos, e nada mais importante do que a nossa casa, o seio da família, para nos dar estes exemplos.

Ouvi do Magrão Giaretton a frase, eu tinha tudo para dar errado. Eu frequentava o Clube (GPA), para não ter que ficar em casa. É fato que poucas pessoas tem esta força interior, esta determinação.

Depois de muitas tentativas e datas frustradas, consegui colocar um Double na água e cumprir um treino na íntegra com a minha amiga Raquel Ewald do América de Blumenau. Ela esteve em Porto Alegre, acompanhando a filha Helena, de quem sou fã, nos treinamentos do Four Skiff Feminino Jr, com a dupla Isabelle e Nadine do União como companheiras de barco e a juvenil Ana Clara do Riachuelo de Florianópolis, SC.

Quando conto estas histórias, meu objetivo é compartilhar algo que um dia me fez treinar muito, talvez até mesmo além dos meus limites físicos e psicológicos, um sorriso mudo e discreto do meu pai, a certeza de comida na mesa, roupas lavadas, uma cama arrumada para dormir, administradas pela minha mãe, e uma mesa para eu estudar.

Recebi com alegria a notícia de que novamente Helena e Ana, se juntam a outros atletas da seleção brasileira, para mais um camping na Ilha do Pavão, sede do União, um dos melhores anfitriões que conheço. Não me canso de elogiar este Clube, assim como o desprendimento da Raquel multifunção, mãe de valor inestimável.

Fico a pensar quantas Raquéis temos neste país afora, incentivando seus filhos, quantos Uniões recebendo e abrigando atletas para que possam treinar e perseguir seus sonhos.

O incômodo que senti, na verdade foi uma bola que encontrei no meu umbigo, para o qual tenho olhado muito mais do que o de costume. Pensei que fosse de vidro, mas descobri que levo jeito para o misticismo. A bola era na verdade, de cristal. Todos estes nuances acima, é a fiel transcrição que uma voz do além me ditou, enquanto fitava meu umbigo de cristal.

Categorias: Crônicas

4 comentário

Janayne · 10 de fevereiro de 2024 às 09:31

Na verdade! A Raquel é mãe top não só dá Helena! E mãe moleca da equipe toda! Quando o Ian e Francisco conseguiram passar no dois sem… A primeira voz que veio na minha cabeça foi a da Grande Raquel em uma conversa informal ela me disse: “Jana vamos ouvir falar muito dos dois sem dos meninos!” Verdade estamos ouvindo falar… E Raquel você faz uma grande diferença na vida deles… Continue sendo está mãe moleca que tanto amamos!
América/ Janayne/ mãe do Ian Darolt

Janayne · 10 de fevereiro de 2024 às 13:58

Na verdade! A Raquel é mãe top não só dá Helena! E mãe moleca da equipe toda! Quando o Ian e Francisco conseguiram passar no dois sem… A primeira voz que veio na minha cabeça foi a da Grande Raquel em uma conversa informal ela me disse: “Jana vamos ouvir falar muito dos dois sem dos meninos!” Verdade estamos ouvindo falar… E Raquel você faz uma grande diferença na vida deles… Continue sendo está mãe moleca que tanto amamos! Família America /

Acácio Mund Carreirão · 11 de fevereiro de 2024 às 20:25

Sem dúvida, Seara, é uma graça divina podermos tirar de nossas próprias casas, do núcleo familiar, os melhores exemplos para balizar a caminhada e nortear a superação dos desafios.

Mais um belo convite teu à reflexão. Parabéns!

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