Megasena
Escrever sobre um evento esportivo que acontecerá, é quase tão perigoso quanto começar a remar antes do árbitro gritar: Sai. Ainda mais quando participamos da disputa.
Na noite anterior ao Desafio Internacional das Estrelas Cadentes, movido pela inspiração, enviei umas linhas para os amigos que participaram do evento, em especial à torcida que nos prestigiou, e para servir como pauta para a dupla Ferreira da Costa, Gica e Renata na transmissão do evento.
As linhas:
A dupla Eng. Tarugo, campeão Mundial e Paulo desafiou Palmeiras e Purper para um pega no Double. O professor aprovou. Purper sugeriu acrescentar o desafio no Dois Sem também. Aceito.
Foram chamados para o certame, o combate, Jonathan e Capoeira, Guilherme e Cata, e o fofoqueiro de plantão Seara Neto e Ronaldo.
O Eng. Cata por motivos particulares, declinou, no seu lugar William Abacaxi.
Os handicaps foram calculados pelo Prof. e o desafio do Dois Sem foi retirado do programa, mas as duas baterias do Single Skiff estão mantidas.
A dupla que vencer a prova do Double e também as do Skiff, será a campeã, caso não ocorra a repetição, vai todo mundo para a máquina.
A largada será nos 500m, e a chegada na frente do GPA, para dar mais emoção.
Há quem diga que já tem gente parecendo manga madura, amarelando, mas isto é intriga de fofoqueiros.
Na sexta-feira, ontem, tinha dupla treinando escondida, à noite. Não vamos citar quem era, mas aproveitou o fim do expediente da secretaria do Clube para treinar.
Tem gente que já roeu todas as suas unhas, diz que aparou com alicate, para evitar raspar uma mão na outra quando rema, mas só ficaram os toquinhos nas pontas dos dedos, tamanha a ansiedade.
Nesta semana, remadores de três duplas, compuseram um four skiff. Durante o treino, todos amigos, elogiando a remada um do outro, a parceria, etc. Guardados os remos, voltou o clima de disputa, pareciam pitbulls presos atrás da cerca rosnando para o carteiro que acessava a caixa postal.
A Kleenex comemorou o sucesso de vendas de lenços de papel, após a divulgação da tabela com os handicaps, devido a choradeira de um torcedor do alviverde paulista.
Dizem, mas sem confirmação ou provas, que houve um levante resultando num abaixo assinado com o autógrafo de oito remadores, exigindo a retirada da prova do Dois Sem. Parece que dois anciãos gravaram um vídeo, demonstrando sua técnica, tendo sido altamente veiculado na Nova Zelândia, aplaudido inclusive pelo Kiwi Pair, Eric Murray & Hamish Bond, bicampeões olímpicos neste barco.
Continuando a crônica da Megasena.
Suprimi um pensamento que tinha certeza que ocorreria, devido à ansiedade em enviar as linhas que transcrevi acima.
Chegamos ao Clube com a tradicional brisa vindo do Leste, confirmando que estamos no verão. Na subida do Rio ela sopra a favor. Na volta do treino, aumenta um pouco, soprando contra.
Os confirmados estavam presentes para cumprir o treino, saindo de casa antes do alvorecer, caminhando no frescor da madrugada que se encerrava, por vezes desviando do caminho de notívagos que terminavam seus expedientes.
Entretanto, sem citar nomes para não macular sua ficha no site da World Rowing, onde constam seus feitos mundiais, enquanto nos esfalfávamos dando pazadas n’água a fim de vencer as marolas contra o barco no pesado treino, repousava sobre o travesseiro macio na cama quente, a consciência tranquila, tal qual a de um bebê de mamadeira e fraldas, como dizia um professor meu, a principal estrela da constelação, o motivo de todo o desafio, chegando somente na hora do combate, vestindo sua camisa polo engomada na maior estica, caminhando descansado sobre seus sapatênis de fim de semana. O sorriso cordial estampando na face.
Ainda que tenha tentado se locupletar de metros de vantagem, aproveitando que o Head Coach olhavapara o cronômetro marcando os handicaps, saindo remadas, sim no plural, remadas antes dos demais competidores, o mundo moderno não perdoa, sempre há uma câmera, um celular para registrar o flagrante, e, diga-se de passagem, escandaloso.
Um hacker invadiu o telefone do pomo da discórdia, comandado por inteligência artificial mais desenvolvida do que a própria NASA, disparando mensagens de áudio na véspera, pasmem, somente para os participantes do combate.
Uma voz suave, simpática, de uma polidez de Sorbonne, penetrava nas mentes dos incautos disputantes, relembrando que estavam treinando, mas ele não, e a obrigação em vencer o desafio não era dele. Notem o nível da I.A. para atuar de forma profunda na psiquê dos adversários.
Mas, sempre há um mas. Aquele que está lá em cima, não joga, mas fiscaliza, tudo e todos, sob e sobre as águas. Seu drone não perde a bateria nunca, sua câmera capta imagens, áudios, e até pensamentos danosos. Ao perceber a desfaçatez na largada, entrou em contato pelo WiFi celestial com este que vos escreve e disse: Vá e vença este cidadão!
Jamais desobedeço a uma ordem Divina, e sem deixar o meu coração se tomar pelo ódio, a cabeça funcionou, controlando músculos ao ponto de fazer o barco cruzar a frente dele. Porém, sempre há um porém, ele estava na dupla com o Paulo, que se transformou em potência, vencendo sua bateria no remoergômetro e no Double, onde remou por si e pelo nosso agitador das massas.
Durante o transcorrer da semana que passou, e das conversas nos corredores, rampa e mesa do café, posso afirmar que a resenha não terminou.
As chegadas estão na descrição do vídeo
2 comentário
Fabio Tarugo Campeão Mundial · 23 de fevereiro de 2024 às 18:49
Quero expressar meus sinceros parabéns pela sua crônica, que capturou com maestria a essência da competição e da camaradagem no nosso clube. Ler sobre a vitória de Seara em seu Skif foi inspirador e, sem dúvida, ressaltou a importância da dedicação e do treinamento contínuo.
É notável como essa competição saudável entre os remadores internamente no clube fortalece não apenas o desempenho atlético, mas também os laços de amizade e respeito mútuo. Cada vitória e cada desafio superado contribuem para moldar a cultura de excelência e camaradagem que tanto prezamos.
Que continuemos a incentivar e apoiar uns aos outros em nossas jornadas individuais e coletivas, sabendo que cada remada, cada esforço, é uma oportunidade para crescimento pessoal e para fortalecer o espírito de equipe.
Mais uma vez, parabéns pela sua crônica inspiradora e obrigado por celebrar as conquistas dos nossos remadores.
Termino com minha melhor frase:
O PALMEIRAS CONTINUA SEM MUNDIAL!!!!!
Abraço
Antonio LANFREDI · 23 de fevereiro de 2024 às 18:57
Você está se superando Seara, juntando a crônica pitadas de comédia sarcástica. Rsrs