Vem ser ou vencer

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Por Cesar Seara Neto

Esporte é vício, assim inicia seu livro a campeã mundial Fabi Beltrame. Oguener Tissot chama sua academia de Remo que carrega seu sobrenome de Manicômio de Deus. Para não perder minha mania de relembrar os pensadores, o termo paixões da alma me veio à cabeça para tentar entender porque acordamos tão cedo para remar, muito antes do sol nascer.

Há quem diga que neste horário o vento ainda não deu o ar da sua graça, assim temos água lisa. Os práticos afirmam que é o único horário comum livre, que os atletas têm antes das obrigações profissionais e acadêmicas.

Tenho tido o privilégio de conversar com um profundo conhecedor do Remo, do alto de décadas de experiência e vivência. Pesquisador catedrático me municia com histórias de todo o mundo e suas distintas culturas. Ele salienta que os norte-americanos são os que mais valorizam o Remador, que nada mais são do que pessoas normais, dotadas de uma capacidade física e psicológica que não são normais. Quando alguém te convida, vem ser um remador, os incautos não imaginam o que existe por trás deste título honorífico.

Há quem desista de ser remador ou tentar ser um, ante o medo de entrar no esporte, e a obrigação de competir e vencer. O que aprendi e ainda aprendo, é que cada dia de treino é uma vitória, uma superação. Um dos professores que tive no Remo, me ensinou a valorizar a maior vitória que podemos ter, enfrentar seu pior adversário, nós mesmos.

Ele era crítico, a medalha devia vir acompanhada do sorriso da vitória, não dela em si, mas da superação dos seus próprios limites e resultados anteriores.

Hoje em dia, quase seis décadas de idade, o corpo já mais cansado, precisa se esforçar cada vez mais para a recuperação dos tecidos musculares tão exigidos, o que acaba demandando mais carga psicológica.

Retorno agora a metafísica e recorro aos pensadores, para tentar entender o que nos move e nos deixa ser levados pelas paixões d’alma. Santo Agostinho, o mais neoplatônico dos pensadores, explicava sua filosofia através do amor incondicional. Sua inteligência é algo que merece ser admirada, sua forma como construía seus entendimentos, merece nosso respeito e aplausos.

Quem nunca teve um amor platônico? Daqueles impossíveis, inimagináveis. O ser humano quando não consegue explicar fatos ou acontecimentos através do conhecimento científico, se apega a sua fé, ou no caso que tento explicar, porque remamos, resumo sem concluir como de costume, que este esporte deve ter inspirado Platão e suas paixões, mesmo que ele nunca tenha remado, ou remou?


2 comentário

Rosane · 7 de abril de 2024 às 09:07

Com certeza , esporte é vício… dos bons!!!

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