Relatividade Geral ou Restrita
Foi no Guaíba que remei pela primeira vez em água doce, até então eu só havia remado nas águas salgadas das Baías Norte e Sul em Florianópolis, minha terra natal. Eu tinha quinze anos. Além de mais turva, a água é mais densa, o barco flutua menos do que no mar, a remada se torna mais pesada.
Exceto nos dias de vento, o rio se apresenta espelhado, o que nos permite momentos de contemplação, o reflexo da noite ainda escura e suas luzes urbanas, da aurora e suas cores mágicas, ou a alegria da beleza triste do sol poente. Este mesmo Guaíba que me encanta, hoje me apavora, mostra sua força e pujança, nem mesmo o mais valente consegue bebê-lo todo.
A última remada pode ser a que define o resultado de uma regata, entretanto cada pazada dada, é uma parte importante do percurso. Há quem se motive, remando melhor, quando lidera a prova, outros preferem se aproveitar da pressão exercida naqueles que estão a frente, minando o psicológico, remando num ritmo menor, demonstrando seu possível poder até a levantada final.
É durante o banho quando a água lava e leva pensamentos e energias negativos, que minha inspiração para escrever flui. Ideias avulsas e desconexas pipocam de forma aleatória no ar, sendo canalizadas por uma Via Láctea mental, até o deslizar da ponta da caneta no papel.
O racionamento de água potável me obrigou a concluir a organização do meu texto semanal, compromisso travado comigo mesmo, durante os momentos que fiz a barba com espuma de sabão líquido espalhado com as mãos, lubrificado apenas com água fria.
Fiquei a me lembrar das Notas Autobiográficas que Einstein se orgulhava tanto de ter escrito. Dizia ele que devíamos prestar mais atenção a filosofia simples que ele desenvolvia e não tanto aos seus tratados no campo da Física. Diante do tamanho desta tragédia que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, fico pensando que será necessário ressuscitar Einstein para tentar trazer sua genialidade de volta a fim de se resolver como faremos para lidar com estas hecatombes, enquanto ele não chega, vamos nos permitir pensar nos seus ensaios filosóficos, quem sabe assim, abrimos nossa mente.
Força para todos nós.
1 comentário
Rosane Goulart silvestre · 11 de maio de 2024 às 19:17
TForça, fé e amor no coração! Vai passar, e aprenderemos muitas lições!!!