Remadas vedadas
O vento sul característico voltou a soprar. Saímos em direção ao Clube, o GPA, nesta manhã de sábado ensolarada e fria. A água do Guaíba estava molhando o piso da garagem novamente. Segundo as previsões ficaremos apenas com mais este susto.
O caminho percorrido não foi o de sempre, descer na saída de Navegantes, fazer aquele tricô com o carro por baixo de viadutos, rótulas e curvas que sempre parece que estamos a infringir as leis de trânsito. Fomos até Canoas para fazer o balão em Niterói, pegar a Guilherme Schell e sair na João Moreira Maciel, rua do Clube.
Uma pista invadida novamente pelas águas, desta vez pelas ondas do vento, próximo a saída da Ponte Nova. Mais adiante outra barreira, a EPTC sinalizava que havia máquinas na pista removendo o lixo, muito lixo.
Será este nosso futuro? Percorrer vários quilômetros a mais para chegar ao Clube? Enquanto eu manobrava o carro, desviando os entulhos, uma comitiva de vereadores liderada pelo presidente da REMOSUL, Werner Höher, visitava o que sobrou do Remo gaúcho.
Já escrevi e disse em inúmeras oportunidades, que na minha adolescência, disputamos muitas regatas contra os gaúchos. Cada vitória suada era como se fosse um título brasileiro. Aqui sempre foi um dos principais celeiros de formação de grandes atletas. Macarrão, formado em Santa Catarina, remador brasileiro com maior número de participações em Olímpiadas, migrou para cá, graças a estrutura e tradição do remo gaúcho.
E agora querem vedar o acesso ao Parque Náutico como se fosse a única solução para um evento nesta magnitude, até então jamais noticiado. Falei no Canal do YouTube como engenheiro civil, aproveitando os aprendizados sobre o concreto armado, material que pretendem utilizar para substituir ou eliminar as comportas metálicas.
Meu pai sempre me fala que um erro não justifica o outro. Sei que as comportas estão ali para proteger uma cidade, mas o erro quando não deram a devida atenção à trilhos, mecanismos e vedações, não pode ser corrigido com erro ainda maior, vedando o acesso a algo precioso, uma das melhores águas doce para se remar no Brasil.
Em tempo de dicotomia, devemos fugir da solução digital, quando um bit pode ser apenas zero ou um. A conversa deve ser ampliada. Parabéns a REMOSUL, ao buscar aumentar a visão dos representantes do povo, os edis que receberam nosso voto, e agora, haverão de honra-los.
Foto: Andre Rimoli
3 comentário
Hugo Seibel · 1 de julho de 2024 às 06:20
A incompetência do executivo em executar uma tarefa simples como manter comportas em condições de operação não deveria ameaçar a continuidade do remo de Porto Alegre. Manutenção periódica e exercício de simulação de emergência são medidas simples que o executivo pode realizar através de empresas privadas e corpo de bombeiros. Que o legislativo pondere com sabedoria. E que o executivo responsabilize o executivo até as últimas consequências por sua incompetência e omissão até o momento.
Hugo Seibel · 1 de julho de 2024 às 15:36
“Digo, que o legislativo responsabilize o executivo até as últimas consequências por sua incompetência e omissão até o momento.
historiasderemador · 2 de julho de 2024 às 08:52
Muito bem observado