Domando o tigre

Publicado por historiasderemador em 7 de setembro de 20247 de setembro de 2024

A imaginação é uma ferramenta que usamos para abastecer os nossos sonhos. Quando temos a curiosidade sobre algo, já é uma diversão, e quando vemos o que desejamos, e é melhor do que pensamos, se torna mais difícil descrever estas emoções.

Buenos Aires é uma cidade que se movimenta mais tarde do que o usual. Às oito horas da manhã de um sábado de céu azul, pouca gente na rua, tomamos o coletivo número sessenta e quatro na Avenida Santa Fé, próximo a Agüero, onde estamos alojados. Descemos no fim da linha, na estação Belgrano. Subimos as escadas e na linha Mitre seguimos no trem até a estação terminal Tigre. Passando por dentro de bairros, cruzando passagens de nível, viadutos, os coches seguiam numa velocidade apropriada para um passeio. Muitas famílias com sacolas contendo comidas e gasosas, encheram o trem do começo ao fim. Permanecer quarenta e cinco minutos em pé, mesmo com as pernas cansadas, não foram o suficiente para amenizar minha ansiedade em conhecer o Tigre, a casa do Remo vitorioso argentino. Para aumentar minha vontade em chegar logo à estação, me aguardava meu amigo virtual Carlos Alberto @Remodeprimera Garcia, um jovem simpático de setenta e oito anos, quase a idade do meu pai, profundo conhecedor das nuances do esporte mais belo e completo. Como estou de férias combinei, com a que gerencia as atividades, a minha esposa Gica, de que não faria nenhuma incursão no Remo, por isso apenas perguntei ao Carlos, se ele estaria no Tigre. Pronto me ligou e combinamos um encontro despretensioso. O tour começou no Buenos Aires Rowing Club, fundado em 1873, o primeiro na Argentina. A distância, o prédio chama a atenção, de perto, encanta. Tanta sobriedade e tradição nos detalhes de madeira pisos e garagem dos botes. Ficamos encantados com a quantidade de jovens, damas y varones, voltando do treino, atravessando a rua movimentada, carregando nos ombros os barcos, quando o veículos param para os atletas, reverenciando quem merece. Um pouco mais adiante, chegamos à sede do Cannotieri, nos deixando de boca aberta. Gica me dizia, é mourisco. Conversamos com algumas pessoas e seguimos visitando os demais clubes onde Carlos tem amigos, na verdade, ele é uma figura notável aqui. Posso afirmar que sua presença tornou a visita muito mais agradável e proveitosa. O que mais gosto nas pessoas é a simplicidade. É muito mais fácil a amizade entre pessoas simples e sinceras. Ele é assim, me fez sentir em casa e muito confortável, é como se fôssemos amigos a décadas. Para não esticar demais esta lauda, menciono de forma rápida, as acolhidas no Tigre Boat Club e no Rowing Club Argentino, onde fomos recebidos pelo Presidente, que nos deu um beijo na despedida, como é costume entre amigos na Argentina. Visitamos também o Club de Regatas América, onde Carlos começou a remar quando jovem. Deixou de representar suas cores, somente durante um período em que as atividades do Remo foram suspensas, quando frequentou o Hispano, tendo remado com Osvaldo Borges, el loco, como é carinhosamente chamado aqui. Lali, a secretária do clube nos mostrou todas as acomodações do América, também fundado no ano de 1920, tal qual o clube de Blumenau, Santa Catarina, Brasil. Ao nosso lado, sempre esteve Ezequiel, um perro enviado por Deus. Eu vi nesse Clube, algo raro hoje em dia, família. Ali também recebi muito carinho. Encerro de forma abrupta estas linhas com muita alegria no coração ansioso para retornar ao Tigre.

Muchas gracias a todo.