Extintor em Si bemol

Publicado por historiasderemador em

Créditos: Jossiano Leal

Por Cesar Seara Neto

Eu gosto de contar histórias e causos. As anônimas são as melhores, sem as fontes e personagens revelados.

Os remadores de um clube tradicional são transportados para o local de treino numa balsa, também chamada de barca. A segurança das pessoas é prioridade. Equipamentos de combate a incêndio estão à disposição em caso de emergências. Coletes salva-vidas estão à vista de todos em número superior ao da capacidade de pessoas transportadas. Bancos confortáveis permitem aos passageiros desfrutarem da bela paisagem da travessia.

Um atleta internacionalmente conhecido, curioso e sempre com o espírito jovial, resolveu identificar qual a nota musical que a corneta de um extintor emitia. Por não ser uma pessoa com ouvido absoluto, pediu auxílio a um amigo nessa árdua tarefa para matar sua curiosidade.

Dirigindo a extremidade do equipamento a orelha do solícito parceiro, perguntou:

– Você já ouviu o som que sai daqui?

O incauto atleta virou a cabeça em direção da corneta, enquanto o dedo do curioso repousava no gatilho aguardando o momento certo para puxá-lo. Disparou uma nuvem de pó branco, deixando o amigo parecendo um fantasma.

Refeito do susto, mas ainda dominado pela adrenalina despejada no sangue, utilizou outro extintor, devolvendo a brincadeira. Em segundos os demais passageiros testaram todos os extintores da embarcação, caso houvesse outra emergência. Todos estavam funcionando em perfeitas condições.

A barca atraca. Todos descem e treinam. No dia seguinte outra balsa transporta a turma. Ao descerem, os aprendizes de bombeiro são recepcionados pelos técnicos de braços cruzados, e gentilmente encaminhados a balsa que permaneceu no estaleiro do jeito que haviam deixado. Foram convidados a realizar a limpeza, até que chegasse no mesmo estado antes do festival das cornetas fumegantes.

Dizem que nunca houve uma barca tão limpa em toda a história.

Categorias: Crônicas

4 comentário

Joaquim Ameba · 11 de abril de 2025 às 16:52

O milagre está revelado, mas o santo não foi entregue.
Me lembrei de um amigo nosso lá em BH com o extintor na mão, se justificando: já apagou, senhor, já apagou!

    historiasderemador · 11 de abril de 2025 às 18:25

    Boas lembranças

      Antonio Ricardo Lanfredi · 11 de abril de 2025 às 20:40

      Essa é muito boa, e inédita. O espírito de criança permanece em cada um de nós, evidenciado nessas trapalhadas. 😂

Rogerio Roennau · 11 de abril de 2025 às 19:03

Boa!!
Eu sei quem foram os TRAÍRAS que fizeram isso!!! Kkkk

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