Habemus Parque

Publicado por historiasderemador em 24 de agosto de 202524 de agosto de 2025

Por Cesar Seara Neto

A REMOSUL se valeu da ciência, aceitando os prognósticos do clima severo para o dia de sábado, transferindo a Segunda Etapa do Campeonato Gaúcho de Remo para o domingo. Fazia tanto tempo que não ocorria uma regata no Parque Náutico, que já não sei precisar se foi no ano passado, ou retrasado.

Mesmo com a comporta de número catorze fechada, contrariando conceitos de mobilidade urbana, e demonstrando um ranço contra a engenharia hidráulica, muitas pessoas foram até a beira do rio, numa manhã gelada, e viram um show de barcos descendo a favor da correnteza sob um ritmo frenético de remadas em cima de remadas.

Disputas decididas no photo finish, demonstraram que o remo além de ser o mais completo dos esportes, é ainda o mais belo. Meninas e meninos impúberes até a turma master não mediram esforços confirmando que a rivalidade é a alma do esporte, mas a amizade fora d’água imperou.

As obras de recuperação das enchentes no Parque Náutico ainda estão inconclusas, não tendo sido possível realizar a cerimônia de entrega de medalhas na Federação. É nos momentos de dificuldade que encontramos as oportunidades, e não sei afirmar se foi a primeira vez, a premiação ocorreu de forma muita festiva nas dependências do Clube de Regatas Guaíba Porto Alegre, o GPA, o mais antigo do remo no Brasil.

Há que se lembrar que o GPA ainda raspa a lama escondida da enchente histórica de 2024, mas com muito boa vontade e sorrisos, todos foram agraciados com seus merecidos prêmios.

Árbitros bons são aqueles que passam despercebidos e sabem valorizar seus papéis de coadjuvantes, não querendo chamá-los de figurantes anônimos, conseguindo se manter ocultos, permitindo que o show seja um sucesso. Aproveitei um momento que eles estavam reunidos, e agradeci ao trabalho deles, pois não tivemos nenhuma intercorrência. Mérito deles, os aplausos são nossos, nas minhas palavras.

Eu não posso deixar de mencionar a minha alegria, quando vi meu nome escalado para abrir a regata na prova de Double Skiff Master “H”, acompanhando a nossa querida Dona Arlete, que remou bravamente até a última remada, numa disputa linda pelo segundo lugar. Os fortíssimos adversários Silvio e Rosinha, minha amiga poetisa, que lideraram a prova do início ao fim, minha reverência, assim como ao Gaúcho e a Vivi, que nos incomodaram o tempo todo, e ao final foram mais rápidos ficando com a prata. Foi uma honra participar desta prova.

Apenas uma observação, a minha voga, Dona Arlete, nasceu no ano de mil novecentos e quarenta e quatro, o mesmo que a minha contumaz torcedora, Dona Regina, minha mãe, que envia saudações ao meu eterno algoz Mário Dias, que hoje chegou atrás da nossa guarnição na prova do oito, mas no Four Skiff, seu machado continuou afiado como sempre.

Não esqueçam de comprar o livro Histórias de Remador, da Editora Pergamus, está belíssimo!