A bandeira do Brasil nunca mente

Publicado por historiasderemador em 14 de setembro de 202514 de setembro de 2025

Por Cesar Seara Neto

O esperado dia chegou, enfim a caneta dourada seria mostrada. Cada um que foi prestigiar o lançamento do livro Histórias de Remador recebeu uma dedicatória personalizada com a caneta que a Renata um dia me deu de presente e vaticinou: “para assinar coisas importantes”.

A lista de afazeres era extensa, buscar os salgadinhos, gelo para as bebidas. O par de remos de madeira do GPA que ornamentou a bela e aconchegante loja Expresso do Oriente, já havia sido deixado no dia anterior. Voltar para casa, tomar mais um banho. Colocar uma camisa mais ou menos, borrifar perfume no pescoço. A barba já estava feita.

O dia começou cedo como de costume antes do sol nascer, diferente do início da semana, com chuva e vento. Gatos pedindo ração para exercitar suas mandíbulas. Abri a persiana da janela da frente para confirmar se não havia vento e o rio estaria liso. Tal qual a minha torcida, a bandeira do Brasil sempre hasteada no quartel defronte a minha casa, estava descansando no mastro, quieta e sossegada.

Remador não perde treino. Pode ser o dia do seu casamento ou do nascimento do seu filho. Foi dia de remar Skiff e enfrentar a correnteza rio acima. Como estava pesado! Rio abaixo, um foguete. É tão bom se iludir!

Após o treino, já em casa, olhei para o primeiro exemplar dos livros que eu abri e havia decretado que era meu. Ler alguns trechos me fez repensar e percebi que eu estava errado. Ele era da Gica, pois cada risquinho e lágrimas que eu derramei escrevendo, ela sempre esteve ao meu lado. Nos abraçamos e demos algumas fungadas. Foi um abraço apertado. Senti sua alma encostando na minha.

Bem, depois eu era somente sorrisos. Fotos. As pessoas estavam ali por minha causa, acreditando nas minhas loucuras. Interessante que os amigos de barco, aqueles que sempre treinam comigo, foram os momentos que a intensidade do abraço foi maior, silencioso como as remadas que damos, as palavras quem pronunciam são os remos. É sobre isso que tento escrever.

Não citarei nomes para não cometer erros e me esquecer de alguém, apenas me refiro a presença de um alguém que vestiu calças compridas e como sempre, silente, apertou a minha mão e me olhou no olho. Quantas mensagens emitidas numa fração de segundo.

Muito obrigado a todos que tornaram o evento tão especial, e quanto a Lenira e sua equipe que nos acolheram, não tenho palavras, ainda falta a dedicatória no teu livro!

A seguir um momento que ao mesmo tempo que me envaidece, mostra que uma brincadeira de contar histórias, pode se tornar algo proveitoso para o esporte mais belo e completo de todos.