Atenção… larga!

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Sob este comando partem remando rumo a Ilha do GPA, os seis integrantes do Júpiter, a guarnição mais antiga em atividade no mundo, formada desde o dia 10 de maio de 1936!

As águas revoltas e turvas do delta do rio Jacuí, devido a incidência do vento noroeste, se alternando para o quadrante sul-sudoeste, não foram suficientes para impedir mais uma aventura dominical rio adentro.

Quem pensa que esta remada iniciou no domingo, se engana. Ela inicia sempre às quintas-feiras, quando o coordenador Adalírio Holderbaum desencadeia as ligações aos seletos integrantes. Caso algum titular não esteja disponível, são acionados os ansiosos suplentes, para terem a honra de subir a nave.

E o ponto alto desta crônica, é justamente este título honorário e temporário de suplente, que recebi ontem a noite. Segundo as regras não escritas, mas levadas a sério por todos, somente remadores com mais de 65 anos podem ter esta honra, e por uma brincadeira dos números, inverteram a ordem dos algarismos, para que coincidisse com a minha idade de 56 anos.

Impossível controlar a emoção ao escrever estas palavras, a mesma sentida quando dei a primeira remada.

Uma guarnição amalgamada pela amizade dos componentes, que buscam momentos de lazer, de diversão, mas jamais, a seriedade com que perpetuam esta tradição, é colocada em segundo plano.

Esta tradição não está escrita em qualquer manual, almanaque, livro de instruções, mas sim no coração e memória dos seus participantes, algo tão difícil de descrever.

Entre perplexidade, emoção, observação, contemplação e muita, muita concentração na remada cadenciada do barco, seguíamos por cima das águas que outrora nos servem de campo de treinamento, hoje elas estavam diferentes, mais sérias, ao mesmo tempo mais alegres, mais comoventes.

Nem mesmo as brincadeiras dos “mulas” ao longo do percurso são capazes de desviar o foco daquela aventura, cronometrada sem relógios, mas através do número de remadas entre marcos registrados, hoje em dia, através de boias de navegação.

Sabemos que crônicas devem se encerrar de forma inconclusa, para que os leitores sejam protagonistas também destas histórias de remador, criando aqui uma necessidade de maiores esclarecimentos, que poderão ser realizados num encontro, ainda que virtual, com o nosso amigo Copetti, um profundo conhecedor do Júpiter.

Para que consigam entender um pouco desta alegria dominical, seguem algumas imagens capturadas e divididas em vídeo a seguir.

Categorias: Crônicas

10 comentário

Cesar Seara · 24 de outubro de 2021 às 18:08

No belíssimo trabalho de meu filho Cesar Seara Neto em divulgar e resgatar as histórias de nosso remo

    historiasderemador · 24 de outubro de 2021 às 19:11

    Obrigado pai

      Gianpietro Sanzi · 25 de outubro de 2021 às 07:21

      A vida é feita de experiências. E ter sido um dia suplente dessa guarnição deixou marcas. Não há vento, neblina nem mesmo uma pandemia que possa parar essa saída. A guarnição é uma simbiose com a natureza. Conhece o rio como poucos, sabem tanto respeita-lo como também enfrenta-lo. Na minha memória está marcada uma saída para o café em meio uma densa neblina, ao som de música clássica do radinho de pilha do Germano. Por mágicos instantes foi uma suspensão da realidade. Remar no nada.

        historiasderemador · 25 de outubro de 2021 às 09:30

        Você captou o espírito das Histórias de Remador, aquelas que medalhas, troféus e súmulas de Regatas não contam. O respeito e amor ao Rio é um exemplo que devemos seguir e perpetuar esta tradição.

ANDRÉ LUIZ GONÇALVES FERREIRA · 24 de outubro de 2021 às 19:33

Tive esta experiência lá pelos anos de 74, 75, quando defendia a estrela do GPA. Lembro dos remadores Nauro Bandeira e Mário Rigatto, ambos mulas e que trouxeram para o Clube duas guarnições de guigui mirim formadas pelos seus filhos, tendo a minha participação. Naquele tempo sabíamos para a Ilha em muitos barcos, todos juntos com o Júpiter, a prainha ficava lotada. Boas lembranças.

    historiasderemador · 24 de outubro de 2021 às 20:32

    Dois nomes de muito peso!!! Mário Rigatto, patrono do GPA. Nauro Bandeira, outro remador, pai do Otávio, multi campeão!!!

      Raquel Denise Ewald · 26 de outubro de 2021 às 07:17

      Belíssimo texto. Transmitiu perfeitamente toda a emoção que você sentiu. Faz qualquer pessoa querer viver essa aventura também. Acompanhei sua transmissão ao vivo, e achei fantastico o evento.
      Parabéns a todos os envolvidos. Final de novembro, início de dezembro estarei aí!

        historiasderemador · 3 de novembro de 2021 às 18:56

        Estamos ansiosos pela sua visita, quem sabe seja possível levá-la para conhecer o Café na Ilha, caso não seja possível, daremos uma remada para você conhecer as águas por onde treinamos.!!!

Ronaldo Esteves de Carvalho · 31 de outubro de 2021 às 18:45

PARABÉNS Gente !!!!! Gosto muito dessas Histórias. Ñ podem ser esquecidas. 👏👏👏👏👏

    historiasderemador · 31 de outubro de 2021 às 19:10

    Sempre teremos alguém para contar. Vamos contar as dos Irmãos Carvalho também!!!

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