Ensinamentos do Remo
Por Cesar Seara Neto
Estive em Floripa no sábado passado, 16/04/2022 em especial para visitar minha mãe, aproveitei para reencontrar minha irmã que mora no exterior, meu pai, e claro, dar uma remada no Aldo Luz, clube onde iniciei meu eterno aprendizado no Remo.
Durante a semana me apresentei pelo WhatsApp ao técnico, meu irmão Du Seara, perguntando qual o melhor horário para treinar, de modo a não atrapalhar suas atividades. Foi quando recebi a grata notícia de que havia sido convocado para remar um oito, repleto de #historiasderemador.
A guarnição:
8. Charles, 7. Toco, 6. Guilherme Rohling, 5. Tomada, 4. Guyl, 3. Stahnke, 2. Kalil,1. Seara Neto, Tim. Dú
Na linguagem do remo, a guarnição é ditada em ordem decrescente, do maior número, o voga, mais perto da parte de trás, ou ré do barco, para o menor número, mais próximo à proa, ou frente do barco.
Vamos as coincidências e #históriasderemador:
7. Toco e 5. Tomada já estiveram em nosso canal batendo bons papos, vejam os vídeos abaixo. 8. Charles, remamos algumas regatas quando júnior, inclusive nosso primeiro campeonato Brasileiro. 3. Stahnke, era nosso adversário no Riachuelo. 4. Guyl, nos conhecemos de forma virtual e 2. Kalil tivemos contato com Porto, seu pai, quando o menino começou a remar, numa história com direito a lágrimas.
Esta remada foi um barco escola, primeira vez que Kalil remou num Oito, Guyl está reiniciando, retomando, revivendo, recontando histórias[1], exceto Charles e meu irmão Du, esta foi a primeira vez que remei com estes nobres remadores. Foi e sempre será inesquecível.
Convidei em 82 o Du para ir até o remo, quando mostrei a ele como dar suas primeiras remadas no Canoe. Desta vez ele foi, meu professor. Este fato me fez lembrar um treinamento que fiz numa empresa multinacional muito grande que trabalhei.
Consistia numa simulação de produção em maquetes, e em cada rodada do treinamento, um dos treinandos assumia a posição de supervisão, de comando. Havia, engenheiros, supervisores e até mesmo gerentes participando. Nível técnico muito elevado.
Num dado momento, um dos gerentes era parte operativa, manual, mas se esqueceu desta importante função, e muito acostumado a tomar decisões difíceis, passou a dialogar e tentar intervir na liderança do nosso supervisor do momento.
Lembrei de várias guarnições de Quatro Sem Timoneiro que remei. Não havia e não há uma pessoa com a função exclusiva de comando, mas sempre havia líderes que exerciam esta função de forma silenciosa e harmônica através das palavras escritas pelos remos, e em última necessidade, palavras faladas, principalmente: Alto e Sai. Alto é a linguagem que significa Pare e Sai, começa.
Um dos maiores ensinamentos que carrego para a minha vida prática, é de que para sermos um bom líder, necessariamente devemos ser um bom liderado. Não há como contribuir com o líder, se esquecemos desta grande virtude. Cabe ao líder quando diz: Vamos, não se esquecer de que em algum dia ele também já foi liderado.
Mais um ensinamento que a vida cotidiana confirmou: A melhor forma de aprender, é quando ensinamos. Neste nobre ato, aprendemos como as pessoas se comportam, cada uma de forma distinta das outras, e quantas vezes os alunos nos fazem perguntas que jamais havíamos pensado?
Ainda em terra, antes do treino começar, tive o privilégio e honra de conhecer pessoalmente Adriana Sterling, filha do querido Breno Manczck Melo, o Mansque, uma das referências do Remo brasileiro.
A melhor parte desta história, foi ver sua emoção transbordando em lágrimas ao entrar na garagem de Remo, depois de longos anos, ou décadas, para iniciar um estágio na área de Psicologia.
Quais outros ensinamentos o Remo nos dá, não citados de forma explícita nesta nossa crônica?
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[1] O próprio Guyl contribuiu na edição desta frase
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