Sula 2022

Publicado por historiasderemador em 3 de maio de 20223 de maio de 2022

Por Cesar Seara Neto

Regata que se preze, tem que ter disputa, torcida, gritaria, emoção, ansiedade. Não importa se você é remador, dirigente, técnico ou apenas um torcedor, infalivelmente você deixará sua voz dentro de algum barco ou submersa nas águas. Assim eu estou, com a voz muito prejudicada, mas se necessário fosse, daria meus gritos novamente.

Impossível ver a disputa de barcos a oito, cada qual dando seu máximo, sem gritar o nome do clube ou de algum remador.

Este XXV Encontro Sul-Americano de Remo Master para mim teve um significado muito grande sob vários aspectos. Voltei a remar em 2019, depois de 33 anos de latência. Neste mesmo ano, após três meses de treino, viajei para Assunção para competir o Sula, como é conhecido no GPA.

“Remo é treino”, como diz o Prof. Liquinho. Desde então, passei a treinar, me dedicar, sempre respeitando os limites do meu joelho direito, e minha capacidade cardiovascular. Quem já competiu, ainda que em nível estadual ou nacional, sabe que é necessário compromisso, caso contrário, o resultado não vem.

Em 2019 trouxe um bronze e uma prata na bagagem. Neste ano, no primeiro dia foram dois ouros e duas pratas, sábado e domingo, um bronze e uma prata em cada dia, total de oito medalhas.

Ninguém entra numa disputa para perder, e eu fiz meu máximo para contribuir com o GPA, clube que me acolheu muito bem, em especial com o nosso Head Coach, João Carlos Gonçalves que apostou em mim, me escalando para compor guarnições, e até mesmo remar em provas duras de Single Skiff.

Além da ansiedade das provas, o coração batendo mais forte antes de dormir, eu estava ansioso para encontrar pessoas que venho conhecendo virtualmente, graças a estas Histórias de Remador que tenho tentado contar.

Não conseguirei citar todos os nomes com quem me encontrei, mesmo que de forma muito rápida, sem aqueles despretensiosos bate papos, mas posso afirmar que dedicar boa parte do meu tempo na divulgação do nosso esporte, durante estes quase dois anos, tem sido muito agradável.

Ouvi de uma remadora que encontrei, que ao vivo, eu pareço mais jovem do que na tela. Disse ela que deve ser devido à baixa iluminação na gravação dos vídeos. Já penso na aquisição de um holofote.

Momentos fantásticos como a chegada disputadíssima entre o oito do GPA, vencido pelo barco da Amazônia, abrilhantaram meu fim de semana, mas em especial, a vitória do Single Skiff Feminino, da nossa remadora do GPA, Luana Fagundes, estreando como Master. Toda torcida vibrando remada a remada, quase pulando dentro d’água, até o momento que soa o aviso da chegada. Recebe a medalha e passa na nossa frente remando em direção ao pontilhão, quando é ovacionada por nós, num coro uníssono:

– Luana! Luana! Luana!

Nem mesmo a forte guerreira remadora se conteve, derramando suas merecidas e bonitas lágrimas enquanto remava com elegância. Ali eu percebi a beleza do nosso esporte. Ali eu percebi que meus pelos se eriçaram, que a emoção é mais forte do que podemos descrevê-la.

Foto: Michele Panisson – Colabore com o Projeto Remar: faça um PIX utilizando como chave o e-mail 2747582@vakinha.com.br