Por Cesar Seara Neto , em Porto Alegre, RS.

Por Cesar Seara Neto

É aquele dia que você chega na garagem do clube antes das sete horas e sente no ar todo otimismo, toda ansiedade pairando.

Estacionamento repleto, todo mundo querendo ficar bem posicionado para contemplar e o mais importante, torcer pelos seus filhos, irmãos, pais, companheiros ou amigos nas provas que disputarão na Regata.

É aquela euforia, planilhas no mural, barcos e remos definidos, como sempre, o Prof. João Gonçalves, deixa tudo organizado no nosso querido GPA. Posso colocar meu barco n’água? Já confirmou com a comissão de árbitros sua identidade? Para os timoneiros e remadores Peso Leve: já fez a pesagem?

Muitas horas de treinamento serão resumidas em alguns poucos minutos de competição. Há que se ressaltar para quem compete, este curto intervalo de tempo, é uma eternidade, e quanto mais curta a prova, mais potência nos é exigida. Qualquer remada errada, pode atrapalhar o resultado destas muitas horas de treinamento. Vinte remadas fortes de saída, o ar já começa a faltar, e aquela sensação, eu não conseguirei chegar ao fim da prova! Mas a gente sempre chega, muitas vezes não sabemos ou não lembramos como chegamos.

Para mim, a regata já começa com bastante antecedência, preparando e divulgando o Link da transmissão ao vivo, obtendo o programa da Regata, orientando a Gica sobre detalhes das provas, recados a serem transmitidos, informações que podem e devem ser úteis às pessoas que assistem e prestigiam estas Histórias de Remador que medalhas não são capazes de contar.

Faço mais um agradecimento a minha companheira de jornada há quase vinte anos, por toda sua dedicação, parceria e empenho nesta minha agradável brincadeira que se transformou em compromisso.

Ouvindo as transmissões que ela faz, entendo quando ela me cobra o programa da regata com antecedência, pois ela encara este desafio, para alguém que ainda remou apenas utilizando os braços, sequer conseguiu utilizar o carrinho do barco. Para ela, a narração é como se fosse uma apresentação caprichada de algum trabalho de biblioteconomia que ela faz, necessita de ensaio, e o mais importante, domínio do assunto discorrido.

Nesta Segunda Etapa do Circuito de Velocidade 2022, como de praxe, fizemos um salchipão no GPA, ou como dizem los Hermanos, um choripan, famoso pão com linguiça. Nosso dedicado mestre e abnegado Adão, não pode comparecer a esta Regata, mas enviou TODOS os detalhes de como cortar e escaldar a cebola, para misturar com o tomate e maionese, de modo que o recheio fique ainda mais apetitoso.

Meu voga, Richard assumiu o comando do braseiro, com um mega esquema de acendimento automático do carvão, assando, cortando e servindo aos famintos remadores. Nunca vi ninguém ter mais fome do que Remador.

Além de ser um grande aventureiro nas façanhas em barco Coastal, é um bom conselheiro das Histórias de Remador, sempre me dando dicas que nem sempre são as que eu gosto de ouvir, mas invariavelmente, são pertinentes e tornam a comunicação mais assertiva[1].

Óbvio que remador quer remar, competir e de preferência vencer, mas nem sempre o algoz de plantão pula seu turno e esquece da regata, pelo contrário, ele busca reforço de mais um grande remador do Brasil, recordista do país em mais medalhas em Campeonatos Panamericanos [2], e vão para dentro d’água.

Desnecessário dizer a beleza das disputas em todos as idades e gêneros, mas ver os iniciantes desbravando o mundo das competições, merece meu respeito, minha reverência. Quem sabe nesta turma de atletas que começou a remar neste ano, ou recentemente, teremos medalhistas no futuro, representando nosso país e devolvendo nossa tradição em competições internacionais?

Na quinta-feira tivemos mais um bate papo, e desta vez o Capixaba Iago e o Carioca Luiz Felipe, comandaram a cena, com uma interessante resenha sobre o feito inédito de chegar a uma final A, onde se disputa do primeiro ao sexto lugar, no Campeonato Mundial Sub23, no barco Dois Sem Timoneiro Peso Leve.

Cabe ressaltar que nosso último ouro num Pan-americano ocorreu em 1987, com os Irmãos Carvalho neste barco. É também nesta modalidade que o Brasil conquistou o maior número de medalhas nestes Jogos.

Para encerrar a crônica e fechar o fim de semana com chave de ouro, tentei em vão registrar em vídeo, a entrega das medalhas das provas de Canoe (Projeto Social) e Skiff Juvenil feminino, quando a torcida do União vibra aclamando as suas atletas, tendo como resposta em coro uníssono e forte, a torcida do GPA pelas suas atletas, irmãs de remadores do Clube.

Que tenhamos muitas outras provas, com mais jovens meninas, e muita, muita torcida em outras disputas.

Ao Remo: Hip Hurra! Hip Hurra! Hip Hurra!

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[1] Ser assertivo significa ser uma pessoa que se posiciona e comunica de forma clara, objetiva e segura, sem agredir ou menosprezar, contribuiu Sergio Fleck.

[2] Mário Antônio Dias e Marcelus Marsilli da Silva, o Cabeça, respectivamente, algoz de plantão e reforço