Por Cesar Seara Neto

É difícil eu afirmar se escrevo estas linhas pelo prazer da escrita, ou se é o gosto pelo Remo que me incita a escrever. A grande vantagem de atuar de forma independente, é que eu posso filmar, editar, escrever o que eu penso ou sinto, na verdade, minha preferência, é pelo que me emociona.

Acordei às seis da manhã neste domingo de temperatura amena e sem vento, cheio de energia. Eu saí para acompanhar o treino de uma parte da Seleção Brasileira de Remo – CBR, que está alojada nas instalações do Grêmio Náutico União.

Ainda que eu tenha idade para ser avô, eu me sinto como um adolescente cheio de sonhos, o mesmo que outrora se emocionou com a lágrima derramada por Ronaldo Carvalho, em 1983 ao vencer o Pan. Eu afirmo que saí de casa, vestindo a pulseira de tiete, sem nenhuma vergonha.

O trânsito do centro de Porto Alegre estava todo alterado devido a Maratona. Peguei um ônibus até a Salgado Filho com a Av. Borges de Medeiros. Desci até o Mercado Público apressado com receio de perder a balsa das sete. Duas pessoas desciam suas bicicletas pelas escadas do acesso subterrâneo, sob a Avenida Mauá. Trajavam roupas esportivas, pensei: devem ser remadores. Bingo. Marcello Varriale, técnico e Milena Viana, remadora.

Sem que eles percebessem, a tietagem já começava ali. Às vezes eu penso que me enxergam como uma criatura impessoal, como um ser virtual, que se esconde por trás da cortina invisível de um portal, que surgiu para contar e registrar estas Histórias de Remador, porém, cada vez mais, eu me dou conta de que sou um torcedor, não apenas dos Clubes que compõem o cenário esportivo, mas do esporte do Remo em si.

Eu não deixei transparecer, mas cada aperto de mão e abraços que recebi dos atletas e do técnico, foram um presente. Não imaginam a felicidade e orgulho de estar tão próximo aos atletas que são os principais protagonistas das histórias que tento contar, são eles que sobem ao palco e nos representam, com toda a sua força, leveza, persistência e dedicação.

Nomes que já dividiram suas histórias ao vivo no canal do YouTube, saem de dentro da tela virtual e puxam seus remos, transpirando suor humano, salgado, confirmando que são de carne e osso.

Alef Fontoura, Maria Clara e seu sobrenome cheio de consoantes, Isa Falck & Manu Abreu, remadores virtuais no canal até então, passando para o plano real, Lara e Piedro, já eram virtuais e reais. Evaldo e Milena, já eram reais, mas ainda não estiveram no canal. Bernardo e Dayana Xouzita tivemos nosso primeiro contato real, e temos certeza que em breve estarão no canal para contar suas passagens.

O local escolhido pelo técnico para o treino, foi o encontro dos três rios, que nada mais é do que o final do Canal do Lages, local tão lindo e já descrito noutras oportunidades aqui.

Eu confesso que foi muito difícil conciliar minha ansiedade de tiete, com a vontade de registrar as imagens dos atletas desempenhando suas habilidades remísticas e ainda ouvir as observações cirúrgicas do técnico.

Um pequeno exemplo que ouvi na lancha, a respeito do porque nossa admiração pelo barco Dois Sem Timoneiro: Você tem que remar para o outro, não para o teu conforto próprio. Em dias atuais onde a sociedade vive momentos de extremo egoísmo e egocentrismo, este principio se torna ainda mais difícil de ser ensinado e assimilado.

Agradecimento a todos que me proporcionaram este domingo tão prazeroso, em especial a CBR.

Deixo a vocês queridos leitores, que concluam o que não consigo concluir, na expectativa de que comentem logo abaixo sobre esta atividade dominical. Não deixem de assistir a uma parte do treino abaixo e se inscrever no nosso canal do YouTube. Sigam nosso Instagram.