Pintando o Brasil de rosa

Publicado por historiasderemador em 6 de outubro de 20246 de outubro de 2024

Por Cesar Seara Neto

Eu ouvi que devemos fazer aquilo que temos medo, só assim evoluímos. Confesso agora, após terminada a transmissão da Primeira Remada Nacional das Remadoras Rosa do Brasil de Dragon Boat, eu tive medo. Medo de não conseguir acompanhar a energia e alegria, que essas meninas guerreiras, sobreviventes do câncer de mama têm. Medo de não conseguir transmitir na tela, o que esta loucura em mobilizar o país de norte a sul representou.

Quem assiste ao show, pouco se importa com os bastidores, mas no nosso caso, as estrelas protagonistas que subiram ao palco, também eram as responsáveis pelo roteiro, figurino e produção das imagens. O estúdio era a céu aberto, em cima d’água, deslizando pelo mar, rios ou lagos. O grande e principal detalhe, tudo isso sem ensaio. Para não dizer que faltou treino, simulamos a conexão de forma isolada com algumas participantes, na noite anterior ao evento.

Resolvi entrar ao vivo antes do horário. O medo de alguém não conseguir se conectar tomava conta de mim. A equipe que deveria iniciar a abertura, não estava nos bastidores virtuais, mas para a nossa felicidade, uma das equipes que não havia confirmado presença, apareceu linda e formosa no majestoso Rio São Francisco, nos brindando com cenas emocionantes.

A partir desse momento, à medida que as conversas fluíam, apareciam e saíam da tela, meninas sorridentes e carismáticas, me permitindo do lado de cá da tela, observar e disfrutar de momentos gerados por uma ideia louca, surgida tempos atrás. A minha responsabilidade aumentava na mesma proporção que as guerreiras derrubavam a conjunção ou por e, no dito popular: as mudanças ocorrem por amor ou pela dor.

Elas, as Remadoras Rosa, nos mostram que o amor pela vida e a dor sentida na carne, mutilada justamente na mama, parte do corpo responsável por alimentar uma nova vida, é o que proporciona essa quebra de paradigma. É o que as move e nos comprova que sim, é possível viver e sobreviver ao câncer de mama. O diagnóstico precoce é o que determina a vitória.

Por isso, elas não se cansam de erguer seus remos com as mãos unidas e coloca-los na água em busca de mais uma remada. Fazer movimentos vigorosos com os braços era um medo que se tinha, em pacientes que haviam passado por intervenção cirúrgica, mas utilizando a ciência, o Dr. Mackenzie, provou exatamente o contrário, a cura é favorecida com cada remada dada.

E aqui estou eu, comemorando oitenta anos da minha mãe, presenteada com orquídeas cor de rosa, emocionado e agradecido a essas meninas que lideram umas às outras, zelam umas pelas outras, mostrando que sim, vale a pena viver.