Remando com Pelé

Publicado por historiasderemador em

O mundo parou antes e depois do Ano Novo para prestar sua homenagem a Edson Arantes do Nascimento, o homem que eternizou Pelé, o jogador que reinventou o futebol. Mesmo antes de sua partida deste plano terreno, Edson já havia eternizado o seu personagem jogador.

Durante minha oficina sobre crônicas com a jornalista Kelli Pedroso, me foi dado um exercício para assistir ao vídeo de Aurélio Manguel, Ler é um ato de poder. As informações que recebi, me inspiraram a fazer esta simbólica homenagem, ao atleta do século XX.

Comparo Pelé a um texto, escrito pelo nosso Criador, não com palavras, mas com suas jogadas e gols, assistido por milhões de pessoas.

No vídeo, o narrador cita que cabia aos escribas ler às autoridades, o que estava escrito nas leis, uma vez que somente eles sabiam ler e escrever, e baseado nas suas interpretações, as autoridades tomavam suas decisões.

Eu não assisti em campo ao Pelé jogar, tampouco lembro de ter assistido alguma partida sua ao vivo pela televisão, mas meu pai sim, ele foi o meu escriba sobre Pelé, e o que mais me espanta, é que quando assistimos em vídeo-tape às inúmeras jogadas que ele fez, percebemos que o meu dileto professor para as lições da vida, não conseguiu me transmitir com todos os detalhes sua infinita genialidade.

Mas o leitor já deve estar pensando onde e quando Pelé remou, ou quem remou com Pelé? Imagino que ele jamais tenha subido num barco. Não conheço sequer regata que o Rei tenha ido prestigiar, mas fico fazendo um exercício mental, para tentar aprender ou copiar o segredo do sucesso planetário que ele teve.

O Remo já foi o esporte das multidões, grandes clubes de futebol emergiram dos clubes de Regatas. Os jogos ocorriam nas tardes de domingo, para não conflitar com as regatas que ocorriam pela manhã.

Hoje em dia o mundo respira, transpira e digere futebol, ao ponto de Kofi Annan, o sétimo Secretário Geral da ONU, ter escrito que invejava a FIFA por ter mais afiliados, entretanto, na America do Sul, em especial no Brasil, temos uma dificuldade enorme para atrair novos talentos no Remo. As regatas já não são tão noticiadas, com um público cada vez menor. Não sei dizer se é a falta de público que não produz novos remadores, ou a pequena quantidade de público é devida ao número cada vez menor de praticantes.

Pelé com sua genialidade, usava as canelas dos seus adversários, a quem ele precisava transpor, como tabela, chutando a bola nelas com tamanha rapidez, fazendo com que os zagueiros não conseguissem pensar, nem responder a este ataque. Quando a bola retornava aos seus pés, ele já estava se impulsionando para então conduzir a bola, contornando o perplexo zagueiro na direção do gol.

Uso esta metáfora das canelas para que nós remadores, que estamos sempre de costas para o nosso objetivo, deixemos nossa mente aberta e seja possível de novo, transformar nossos espetáculos de Remo, em alegria, encanto e vibração.

Quando um remador se aproxima da reta final, quem está fora dos barcos, pouco pode fazer a não ser gritar e torcer, mas é certo que esta torcida, mexe com os brios de quem está dentro d’água, gerando um ciclo virtuoso, regatas mais disputadas, mais torcida, mais vibração.

Temos que usar as canelas dos adversários, que neste momento é a falta de interesse do público, para criar nossas jogadas magistrais, porém, tal qual Pelé, temos que ser rápidos e imprevisíveis como ele foi, de modo a sermos aplaudidos para sempre.

Categorias: Crônicas

3 comentário

Acácio Mund Carreirão · 8 de janeiro de 2023 às 13:30

Que lind crônica, Seara! Sensacional a metáfora “das canelas”.

Parabéns, amigo!

    historiasderemador · 8 de janeiro de 2023 às 14:22

    Pelé é um gênio, temos que escrever sempre no presente, graças a sua eternidade. Só nos resta tentar copiar e observar sua mágica.

Antônio Farias Filho · 8 de janeiro de 2023 às 15:22

Parabéns Neto, pela bela crônica de hoje! Pelé/Remo/Futebol.
Bem lembrado Neto, nosso Esporte do Remo já dividiu o tempo e até deu origem a vários Clubes de Futebol no Brasil.
Sou otimista, talvez um dia tenhamos um Pelé no nosso Remo!!!

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