O remo desafia a Inteligência Artificial

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Após o excelente treino de sábado voltando para casa em Porto Alegre, ouvi no programa Pensando Bem na Rádio Cultura FM 107.7, liderado pelo grande jornalista Nando Gross, um debate sobre a Inteligência Artificial (IA).

Juremir Machado e outro convidado falavam das suas preocupações como professores ao aplicar testes nos seus alunos, agora ao vivo de forma oral ou no famoso papel almaço com perguntas discursivas respondidas a caneta, em pleno século XXI. Isso tudo para fugir do ChatGPT poderosa ferramenta que tem mais verbetes do que o Caldas Aulete herdado do meu avô Cesar, em conjunto com a Enciclopédia Barsa que já não está mais em casa.

Fiquei imaginando como a IA faria para remar um barco dois sem timoneiro. Robôs humanoides, não os bebês reborn, pesando noventa quilos com um metro e noventa de altura seriam programados um para remar bombordo, o outro para remar boreste. Seriam colocados sentados no barco com os remos nas suas mãos biônicas. Primeira dúvida: seria o proa ou o voga que diria, três remadas de meio carro e abre, seguido do comando sai?

Como seria a programação da máquina para empurrar as pernas primeiro, seguido do tronco e por último os braços puxando? Como seria o programa para que a transição entre as fases descritas ocorresse de forma natural e mesclada, e não como robôs que param entre uma e outra, roubando a fluidez do movimento?

Loucura isso não? Claro que é, mas se posso pensar que o nada é algo, por que não posso pensar em robôs remando no nosso lugar? Posso sim, mas fico pensando nas guarnições que remei nessa semana, com os mais variados remadores, em idade, gênero e experiência em cima dos barcos, e concluo que essa diversidade é que me encanta.

No sábado remamos vinte quilômetros em uma hora e meia. O centro do barco composto por dois iniciantes, João quinze anos e a Cris, que deve ser Master A. Lógico, na voga Jonathan, remador raiz, forte demais, a cada remada dada, já estava pensando na seguinte. Pressão o tempo todo.

Como é possível não se contagiar com a unicidade do barco, altamente comprometido em andar bem? O velhinho aqui na proa não se fez de rogado e passou a pá o mais rápido que conseguia, a fim de não comprometer o seguimento do barco.

Para refutar qualquer possibilidade da IA dominar o remo, desafio as mentes brilhantes a desenvolver algoritmo, máquina, ou seja lá o que for, que seja capaz de exercer a liderança que o Moacir do GPA, com mais de setenta anos de idade, e ainda assar galeto como ele. Aguardo ansioso o próximo evento.

No próximo fim de semana estarei em Vitória, ES, para transmitir uma etapa do Campeonato Capixaba de remo.

Categorias: Crônicas

7 comentário

Vera Bianchi · 25 de maio de 2025 às 13:44

Muito legal, como sempre , o teu diário do remo. 20k , deve ter sido a volta do Lage! Saudades dessa remada!!!😘

Antonio Lanfredi · 25 de maio de 2025 às 14:26

Seara, como escrevi na semana passada, você está se aprimorando na escrita. Muito legal.
Não tive como deixar de imaginar como seria a remada de 2 humanóides programados para vencer.
Eles não sentiriam a dor do ácido láctico na altura dos 500 metros, quem sabe alongariam a remada no limite da pegada e da finalização, quem sabe conseguiriam sincronia perfeita.
Agora a emoção do “GO” na largada, a adrenalina de estar poucos centímetros a frente do barco adversário e o prazer da diversidade, como você escreveu, ah, esses prazeres são nossos. Abraco!

    historiasderemador · 25 de maio de 2025 às 21:13

    Vou pedir para o ChatGPT responder a esse comentário, para ver se chega no mesmo nível.

Gressler · 26 de maio de 2025 às 08:58

Belo texto Seara, impressiona os 20 km e sim, o texto traz a reflexão sobre a unicidade frente a esta distância.

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