A linguiça é Sadia

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Por Cesar Seara Neto

Quem já assistiu a entrevista que fiz com o meu pai em 2020 lembrará do mote que ele me ensinou naquela data, quem ainda não viu, sugiro que o faça. “Temos que aprender a falar do remo para os outros, e não para nós mesmos”. Ele me disse isso antes de irmos ao ar.

Terminada a função da Segunda Etapa do Capixaba de Remo 2025 revejo conceitos e pensamentos a respeito do que tenho feito, e sempre chego à conclusão que foi pouco. Muito dessa minha autoflagelação se deve ao fato de nós remadores, pensarmos para dentro. Estamos sempre a nos comparar com o nosso melhor. A busca pela remada perfeita nunca cessa, jovens ou veteranos, seguimos nessa máxima. Isso nos consome. Acabamos perdendo oportunidades de ampliar nossa comunicação, ou como diz o Instagram, diminuímos o alcance.

Não era cinco horas da manhã e o velhinho aqui já estava desperto. Tomei meu banho, raspei a barba com todo esmero e tomei aquele café que só em hotel tem. É o mínimo que eu posso fazer em tom de respeito aos atletas que treinam e se dedicam tanto ao nosso esporte. O ser humano gosta de medalhas, láureas e aplausos, mas o que ele mais quer é reconhecimento.

Foi por isso que investi numa passagem de avião até Vitória, para filmar esta regata como forma de reconhecimento desta juventude que deu um show dentro d’água. Fabrício, o Mad, escreveu no grupo de WhatsApp Histórias de Remador, que eu estava muito sério durante a regata. Como não estaria, se a expectativa de transmitir imagens na mesma qualidade que os capixabas remam, era enorme.

Tentei conectar pelo menos três vezes a câmera Canon, que investi pesado no ano passado e tudo que apareceu foi uma tela escura. Quando a prova do quatro com timoneiro estava em andamento, tudo se fez luz na tela em cores e ao vivo. Eu voltei a sorrir, minha angústia que antes era para que a tela ficasse colorida, agora era para que a imagem não se perdesse mais. Assim remei atrás das lentes de forma incansável, transplantando a dor do desconhecido que os eventos ao vivo nos proporcionam.

A resenha após a regata desta vez foi no Álvares, a beira da baía de Vitória, cheirando a fumaça da carne na grelha e do feijão tropeiro que a senhora que manda no Clube, começou a preparar no sábado. Acertei ao almoçar lá, não somente pelo chopp gelado e comida saborosa, mas pela naturalidade que me permitiram permear entre pessoas que vi duas, três vezes ou que nunca tinha visto.

O sotaque é a única coisa que muda, neste esporte que segundo a esposa do Mad, não existe segundo lugar, pois todos que contam suas histórias, só vencem. Até hoje ela não entende como isso é possível, mas transmitam a ela que isso são as histórias de remador que medalhas não são capazes de contar.

Saio como vitorioso, pois lá pelas tantas na resenha uma voz bradava, Sadia, Sadia me olhando. Percebi que estavam me batizando em tom de galhofa com o nome de outro frigorífico que não o do meu sobrenome, Seara. Retruquei dizendo que estava errado, o correto era Perdigão.

Se já estão a me dar apelidos, é porque já faço parte da família do remo capixaba. Quando será que comprarei outra passagem para transmitir outra regata? Será que na próxima teremos um drone operando em conjunto? Deixo mais uma frase que meu pai me disse na entrevista, “quem pensa grande, faz grande. Quem pensa pequeno, faz menor ainda”.

Vitória, muito obrigado.

Categorias: Crônicas

3 comentário

ANTONIO R LANFREDI · 1 de junho de 2025 às 19:57

Estáva faltando um apelido pra você.
Agora tem!! Kkkkk

vera · 1 de junho de 2025 às 20:06

Bah Seara, tem que fazer um pix para quem quiser ajudar na compra deste drone, quem ganha somos nos , os apaixonados pelo Remo!!!! Parabens e que vc continue a divulgar tao bem este esporte!!!!

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