Remar é possível

Publicado por historiasderemador em

Foto de 12/04/2025

Por Cesar Seara Neto

A bombordo, pontos escuros no reflexo da lua cheia n’água indicavam uma brisa quase ausente. A boreste, o sol quebrava lentamente sua preguiça de fim de outono e trazia um pouco de calor para os remadores com coletes e toucas, alguns com calça de lagartixa como eu.

Proa e sota-proa começam equilibrando, no barco são chamados de número um e número dois, os outros seis remam. Assim começou o treino de sexta-feira no GPA, após uma sequência de dias com neblina, encerrando a semana útil para muitos, que mal acaba o treino, saem em disparada para o banho a fim de cumprir suas atribuladas agendas profissionais e acadêmicas.

As duplas que equilibram o barco se alternam sob o comando do timoneiro Costelinha, cada vez falando mais firme e forte. Nem mesmo a ausência do microfone e alto-falantes foi suficiente para macular sua liderança. Eu não me canso de observar aquele menino tímido de poucas palavras e muita educação, o mais jovem no barco, sendo o mais respeitado por todos.

Essas linhas eu escrevi enquanto era a minha vez de equilibrar e segurava nas bordas do barco, o punho do remo entre as pernas e o abdômen levemente inclinado para a frente. Fiquei a pensar na nossa composição tão heterogênea, mas numa cadência única e homogênea.

Lucas Albatroz à minha frente na voga, passando toda sua tranquilidade de lorde inglês para a guarnição, eu como sota-voga, atrás Ana Vida, Mario Loco Voga Livre, Prof. Gabi que acabou se apaixonando pelo remo de tanto me ouvir. Completando a equipe, Elenice Galega de Erechim, Aninha Tesche, a mais nova competidora e o fortíssimo Chico na proa. Interessante ver que quanto mais volume o Chico perde, mais massa magra ganha, aumentando ainda mais sua força.

O único destes remadores que já havia experimentado o remo na juventude fui eu. Nos momentos que eu remava pude sentir o sincronismo que conseguimos criar no barco, de acordo com os ensinamentos do nosso coach:

– Marca o final, equilibra com a pá fora d’água. Sai o braço, inclina o tronco, depois que sai o carro, senão embola.

Todos estes pensamentos me ensinaram mais uma lição, para remar juntos basta colocar o barco n’água e pensar que é possível, sempre.

Categorias: Crônicas

5 comentário

ROBERTO MULBERT · 15 de junho de 2025 às 11:29

Seara, sempre foi um prazer remar o oito!!!!
Tuas palavras me fazem lembrar de bons momentos no remo.

Grande abraço

Renato Lisbôa Müller · 15 de junho de 2025 às 11:58

O barco com oito remadores é um desafio, principalmente para o timoneiro, que deve exercer com excelência as suas funções e principalmente, comandar os remadores e controlar os oito egos da guarnição. Liderar ou comandar, não é uma tarefa fácil e muito menos, valorizada.
Mas, fazer parte de um oito, é mágico?

Mario · 15 de junho de 2025 às 11:58

Acredito que remar não é fácil, mas remar com uma palamenta utilizamos só um lado do cérebro. O outro fica observando a velocidade do barco entre outros. Brincadeira. A destemida disciplina que nos faz remadores sempre melhores. Abraço Seara e obrigado por estar comigo neste barco. Essa vez eu que seguia tuas remadas. Tu no 7 eu no 5….

    Mario · 15 de junho de 2025 às 12:00

    Onde diz pagamento é uma parlamenta Difícil acertar os dedos

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