Remo com sotaque é melhor

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Zero dois e trinta e sete mostrava o relógio na madrugada. Para que despertar tão cedo? Sinceramente, não sei. Há que se ressaltar a necessidade da micção para um velhinho quase sexagenário, mas em casa ela se manifesta perto das cinco, quando eu me levanto para treinar. Aqui na terra da Bahia de Todos os Santos, o motivo era mais uma transmissão. E não uma qualquer, me refiro a Copa de todas as copas, a mais disputada e acirrada de todas, a Norte Nordeste.

Hoje sexta-feira ocorreram apenas as provas eliminatórias, mas como não as considerar importantes? Sendo que é quando começam as primeiras remadas para se ter o direito de colocar a mão no caneco. Tudo bem, a repescagem é tão ou mais importante, é ali que a coisa vai ou não vai, e o que interessa é vencer a final.

A festa está preparada para começar amanhã, no sábado, com energia elétrica, som  e tudo mais, quando serão definidos os finalistas e os bem-aventurados Master irão para a água mostrar do que são feitos remadores. Só termina no domingo com as finais, e o tão esperado campeão será conhecido.

Enquanto isso não ocorre, convivo com as minhas angústias e o humor internético que ora se mostra rápido, noutro momento se cansa, e resolve estreitar a banda, congelando a imagem e causando angústia nos familiares distantes que torcem pelos seus filhos.

Tive a honra de me sentar na mesa organizadora do Congresso Técnico que ocorreu ontem às 19h após coquetel oferecido pela Federação de Clubes da Bahia e devorado por remadores que hoje atuam como treinadores, mas o apetite voraz de remadores famintos permanece. Sentei-me ao lado do jovem Prof. Mestre Luiz Felipe, Presidente da Confederação Brasileira de Remo, outrora amigo virtual, hoje amigo físico, que acreditou no meu trabalho voluntário, e me trouxe para compor a equipe técnica de árbitros com o intuito de capturar através dos meus equipamentos, adquiridos com muito esforço, as belas imagens que os atletas proporcionaram dentro d’água.

Na minha fala disse que eu vim aqui para esta transmissão para seguir os ensinamentos do meu pai, quando procuro contar as Histórias de Remador que medalhas não são capazes de contar. Caí na besteira de citá-lo, e como sempre, a emoção veio à tona, embolando a voz, surgindo lágrimas nos olhos ao ponto de comprometer brevemente meu raciocínio.

Lembrei de Francisco Kramer, meu amigo e técnico nos anos oitenta quando me dizia que esta Copa era “uma guerra”. Fiz questão de estar aqui para presenciar estes momentos. Aproveitei para reafirmar que meu propósito era escrever um livro, para mostrar como meu pai um dia entrou para o Remo, estendendo a mão para mim, demonstrando sua maior prova de amizade, que carrego nas minhas memórias e no meu coração. O livro com capa cor de água é uma realidade, quem quiser adquiri-lo, é só entrar em contato.

Acredito que todos que vivem o mais belo e completo esporte de todos, tenham tido um pai ou uma mãe, talvez não de sangue, mas por afinidade que tenha sido abraçado por ele e tornado sua trajetória no remo mais aprazível e duradoura, graças ao carinho e proteção demonstrados.

Encerro este meu texto, como forma de agradecimento aqueles que me acompanham, convidando para que amanhã, sábado, 30/08, a partir das 09:00 assistam a mais um show desta turma especial.

Convido também para ouvir a partir das 18h50 do dia 29/08, minha primeira entrevista sobre o livro, na Rádio UFRGS, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, muito bem preparada pela jornalista e amiga, Claudia Heinzelmann.

https://www.ufrgs.br/radio/universidade-revista-seara-neto

Link para sábado

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Categorias: Crônicas

4 comentário

Joaquim Ameba · 29 de agosto de 2025 às 18:52

Nunca podemos desprezar a mão que nos carregou pelo mundo.
Quem chega antes conhece os caminhos e ensina.

Luiz Felipe da Silva · 1 de setembro de 2025 às 19:07

Uma honra sentar ao seu lado, meu amigo! Gratidão por sua existência! Continue contando histórias, inspirando união e paixão pelo esporte! Forte abraço!

    historiasderemador · 2 de setembro de 2025 às 17:25

    Foi muito bom dividir os meus sentimentos com remadores que eu ainda não conhecia!

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