Remando na marola

Publicado por historiasderemador em

Por Cesar Seara Neto

Durante alguns anos que eu trabalhei na região metropolitana de Porto Alegre, quando chegávamos à Avenida Castelo Branco, meu olhar era atraído para a água lisa, muitas vezes espelhada, do rio que desce em direção a barra de Rio Grande.

Mesmo atualmente, tendo eu remado no dia ou não, o olhar sempre busca o rio. É o nosso instinto de remador, encontrar águas calmas. Nem sempre isso acontece, basta um vento mais forte para encrespar as águas, mesmo assim, o barco vai ao seu encontro. Quando as ondas atingem tamanho suficiente para passar por cima do barco, a prudência nos encaminha para os treinos na academia.

Quanto mais onda, mais relaxados temos que estar enquanto remamos. Isto não significa soltar os remos. Eles devem permanecer firmes nas mãos. Desnecessário espremer os punhos, hoje de borracha. Só provoca tensão nos braços e ombros. São os remos que mantém o equilíbrio do barco. Eles que dominam a situação.

Nesta semana que estive em Florianópolis para acompanhar e ajudar meu pai no seu tratamento que iniciou, aprendi mais uma vez com ele. Temos que dominar o barco, mesmo quando há ondas e marolas, ombros relaxados, o semblante leve. Se vivemos assim, o sorriso brota no rosto e conseguimos nos conectar com pessoas, descobrindo que elas têm nome, e quando precisamos, elas estarão ali nos estendendo a mão.

Este breve texto vai aos trabalhadores do Centro de Pesquisas Oncológicas, CEPON, representado na pessoa da Otília, primeiro nome que conheci, mesmo antes de lá chegar. Pessoa iluminada que consegue transformar nossa angústia em esperança e força.

Categorias: Crônicas

6 comentário

Rosângela · 21 de setembro de 2025 às 05:10

Beleza de texto mais uma vez. E, marolas são , como tudo na vida, temporárias. Já, já, o rio alisa. Abraço!

    Antonio Ricardo Lanfrefi · 21 de setembro de 2025 às 09:00

    Lendo o seu texto , lembrei da frase:
    “é mar ruim que faz marinheiro bom”.
    Rsrs
    E, se você sabe vencer as marolas, quiçá o rio liso.
    Abraço!

    historiasderemador · 21 de setembro de 2025 às 20:30

    ao final, sempre alisa

Ricardo Diefenthaeler · 23 de setembro de 2025 às 11:25

Seara, podes estar certo que tua presença e carinho acalmam as águas pelas quais navega o teu pai

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