Cor Azul
Por Renato Lisboa Müller
Ingressei no Riachuelo em 1983, como timoneiro. Meu irmão já remava na equipe de juniores, meu pai era diretor, meu tio era técnico, e meu avô, havia remado na década de vinte e trinta. Além disso, outros familiares tinham passado pelo clube, ao longo de várias décadas. Ser Riachuelo, para mim, foi algo tão natural, pois desde pequeno, eu acompanhava meu pai, na sede do clube que, inicialmente ficava no bairro da Rita Maria e posteriormente, entre as pontes Colombo Salles e Hercílio Luz, quando aconteceu a implantação do aterro, em parte da região central, em Florianópolis.
Sendo assim, entrar na equipe do Riachuelo foi uma escolha fácil de ser feita. Quando decidi por começar a treinar, minha escolha foi por ser timoneiro, ao invés de ser remador. Eu era baixinho e não era pesado, duas características para ser timoneiro, mas faltavam outras características, como ser uma pessoa falante, saber liderar, e até dar ordens, quando fosse necessário.
Ao ingressar no Riachuelo, todos os diretores sabiam quem eu era, pois conheciam bem meu pai, meu avô (que já havia falecido), meu tio, meu irmão, enfim, conheciam boa parte da minha família. Na época, o técnico era meu tio (irmão de minha mãe) – Orildo Lisbôa. Ele ficou contente com minha ida para o clube e meu incentivou muito. Porém, houve uma pessoa que mais do que me receber bem, me acolheu e, de certa forma, me “adotou”. Ele estava no Riachuelo diariamente e acabei ficando muito ligado à ele. Trata-se de João Leonel de Paula, que no passado foi timoneiro do Riachuelo, era diretor e fazia função de técnico, carpinteiro, zelador e exercia outras atividades. Tudo, de forma voluntária, por paixão e amor ao Riachuelo.
“Seu” De Paula, como nós o chamávamos, era uma pessoa que respirava e vivia intensamente o Riachuelo. Quando um atleta utilizava uma roupa que tivesse, em alguma parte, a cor vermelha, ele chamava a nossa atenção e pedia que não usássemos aquela peça, pois a cor vermelha não pertencia ao Riachuelo, e sim aos adversários – Aldo Luz e Martinelli. Diariamente, ele insistia e cobrava de nós, essa mudança de hábito na cor de nossas roupas.
Tanto eu, como meu irmão, que também remou nesta época, crescemos, tendo como hábito, mania ou gosto, comprarmos e utilizarmos roupas da cor azul. Por muitos anos, a cor vermelha não existia em nossos guarda roupas. Foi uma estranha mania que adquirimos, devido ao “seu” De Paula. Foi um fanatismo dele, que nós adquirimos, de forma não intencional, mas por influência.
Lembro que meu irmão, depois de casado, recebeu uma observação da esposa, que ao reparar as roupas no cabide, comentou que não havia nenhuma camisa vermelha. A resposta do meu irmão foi a seguinte: “Não tem camisa vermelha e não faço questão que tenha”! Isso porque fomos doutrinados pelo espírito azul do De Paula.
Creio que só passei a utilizar roupa da cor vermelha, após meus trinta anos de idade, mas, da mesma forma que meu irmão eu não faço questão nenhuma em ter roupa com a cor vermelha. Nossa preferência é, e sempre será pela cor azul!
20 comentário
Raquel Ewald · 30 de agosto de 2022 às 10:51
Quanta paixão … muito lindo!
Antônio farias filho · 30 de agosto de 2022 às 12:47
Sou fã do que o nosso Renato Müller escreve sobre o nosso glorioso Riachuelo!!!
Renato Lisbôa Müller · 30 de agosto de 2022 às 20:51
O remo é um esporte apaixonante.
Luiz F.F.Machado · 30 de agosto de 2022 às 12:24
Parabéns ao grande amigo e escritor 👏🏻👏🏻
Priscila Wiggers · 30 de agosto de 2022 às 12:26
Grande Renato e família Müller! Gracias por tanto!
Nosso manto azul e branco agradece 😀💙🤍
André Leal Fittipaldi · 30 de agosto de 2022 às 21:23
Lembro de você indo ou voltando de seus treinos no Riachuelo , Renato. Bons tempos de Almirante Lamego nos inesquecíveis anos 80. Abraço amigo.
Luiz F.F.Machado · 30 de agosto de 2022 às 12:31
Parabéns ao grande amigo e escritor 👏🏻
Andreza Borges da Silva · 30 de agosto de 2022 às 12:52
Que lindo, Renato! Muitas histórias pra contar 🫶. De fato os “De Paula” são especiais 💙💙💙
Gisele Santana de Freitas Fernandes · 30 de agosto de 2022 às 13:55
Que história Renato. Lindo poder ver o amor que vc tem ao nosso clube.
Cássio · 30 de agosto de 2022 às 14:05
Azul e branco sempre!
Fábio Barcelos · 30 de agosto de 2022 às 14:14
“Grande” Renato… Apaixonado e entusiasta do esporte. Obrigado pela sua dedicação ao remo e principalmente ao Riachuelo. Grande abraço, meu amigo.
Henrique Neves · 30 de agosto de 2022 às 16:20
Belos registros, tanto na imagem como no texto!
CESAR SEARA NETO · 30 de agosto de 2022 às 18:53
O Renato foi um grande adversário. Hoje é um grande amigo e um BAITA escritor
Renato Lisbôa Müller · 30 de agosto de 2022 às 20:50
Nunca fui BAITA…. Apenas razoável. Mesmo assim obrigaddo.
Andre · 30 de agosto de 2022 às 18:56
Ainda bem que sou rapaz novo e não frequentava o clube naqueles tempos 😬😬
Rangely Machado Farias · 30 de agosto de 2022 às 19:31
GRATIDÃO ao nosso saudoso Renato Müller, que coloca muito bem nosso Riachuelo. Renato, continue registrando nossa família Riachuelina! Feliz em poder comentar aqui e reviver histórias e momentos desse Clube maravilhoso!
Carlos Alberto Machado Jr · 31 de agosto de 2022 às 10:17
belo texto Renato, eu ainda tenho o trauma agravante do Imaculada onde só se usava azul rsssss
Roberto J. Müller · 31 de agosto de 2022 às 21:06
Maravilha, Renato…É a família dando continuidade e fazendo história no Riachuelo. Parabéns por teu empenho e dedicação. Forte abraço!!
Carlos Eduardo Santiago Bedê · 2 de setembro de 2022 às 23:09
Sempre dizem que filho de peixe, peixinho o é.
Eis de fato sua verdadeira história. Tal qual quem escolhe sua profissão, crença, e porque não suas cores. Não se importe com elas. O espírito do clube está em suas palavras, nas histórias de sua família, no esporte, em sua escrita. Em resumo: em suas mãos.
FRANCINE EVALDT · 3 de setembro de 2022 às 20:15
Também amo azul. Mas agora gosto mais de verde! Seu De Paula estava certíssimo… rsrsrs