Remadora
Por Brenda Berzin
Há pouco mais de dois anos eu entrei numa sala com umas 40 pessoas carregando um livrinho de capa azul chamado “Cem dias entre céu e mar”. O livro eu realmente estava lendo, mas confesso que foi um pitaco de ‘interessância’ colocado cuidadosamente pra construir a imagem que deveria perdurar pelos 3 anos seguintes.
Estou falando do meu primeiro dia de aula do ensino médio. Já é metade do último terço e a imagem daquele primeiro dia e dos que o seguiram mudou drasticamente. As rotas foram traçadas, cruzadas e completamente destruídas.
Mas o livro, que contava a história de um cara que atravessou o Oceano Atlântico remando, cuidou de uma previsão pouco provável para o futuro. Foi provavelmente aquele livrinho e o autor de sua história que me contaram que essa atividade existia. Um meio de locomoção, um esporte, uma prática milenar.
Que agora — novidade — eu pratico todo dia, as bolhas não mentem.
Portanto…
Remadora.
Foi o que ela disse um dia desses no treino: “Agora vocês são remadores”.
Foi pra alinhar, literalmente, nossa postura à nossa identidade.
Remador olha pra frente, com o queixo reto, perpendicular ao chão (e ao barco).
Remador olha pro horizonte e enxerga a perspectiva que se deve.
Remador sabe das suas coisas, e de outras coisas.
Remador escreve poema com o corpo imóvel (e o punho também).
Sentei no ponto de ônibus aquele dia para esperar minha mãe. Peguei o livro do Rimbaud, aliás no poema que mais gostei até agora, e pensei… Remadora.
Acertei a postura e pensei de novo… Remadora. Como eu vim parar aqui, sei exatamente e também não faço ideia. Mas acabei por chegar e aqui ficar.
Remadora… Rema, rema e não se esquece de viver, mesmo que for viver remando.
Cem dias entre céu e mar, escrito por Amyr Klink.
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4 comentário
Eduarda Freitas · 21 de novembro de 2022 às 21:49
Adoreii Brenda!!! ❤️
Lisa · 21 de novembro de 2022 às 21:53
tanto orgulho de vc❤ que texto incrível🥺
Talita Pereira Silva · 22 de novembro de 2022 às 06:37
Você vai ser uma grande remadora, bren!
Isabel Cristina Sanches · 22 de novembro de 2022 às 10:08
Brenda, filha lembro quando você falou de fazer o remo, quando fomos a primeira aula no Bandeirantes, dentro da Raia da USP! Você amou e seus olhos brilhavam, no início só a vontade de se exercitar e arrumar a postura, e depois todo o encantamento e a dedicação, esforço e comprometimento, porque vc sempre se entrega e busca aprender, dar o máximo de você! Eu acabei amando tbm, e fico de observadora, e curtindo a paisagem da Raia da USO que aliás muitos não conhecem, e o esporte também deveria ser mais difundido e com certeza tem muitos talentos esperando pra se tornar um remador ! Agora não tem volta você é uma remadora e agradeço a todos que tiveram paciência de te ensinar e ajudar a buscar seus sonho! Parabéns a Amir as meninas Klink que ajudam a difundir esse esporte e a todos que todo dia dão o melhor de si para colocar o Brasil no cenário de Remadores ! Te amo!