Por que o Brasil (brasileiro) não rema por todos?
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Por Thais Capovilla
Antes de mais nada, vamos definir solidariedade. Umas das definições que mais gosto do termo é: estado ou condição de duas ou mais pessoas que dividem responsabilidades, ações, respondendo todas por uma e cada uma por todas; interdependência.
Foi pensando em solidariedade que em março do 2020, no início da pandemia, logo depois de um campeonato brasileiro de Remo em São Paulo, o qual fui assistir e acompanhar uma equipe, resolvi criar algo para ajudar o remo. A pandemia foi tomando força e deixou tudo mais evidente! O que era difícil, tornou-se impossível. O que era praticamente impossível, deixou de acontecer! Eu vi atletas serem obrigados a deixarem os alojamentos e irem para suas respectivas casas quando nem dinheiro para esse deslocamento tinham. Atletas que não tinham o que comer em casa. Da tristeza, da indignação, surgiu o REMO POR TODOS. Mas quem rema por todos?
Em alguns meses consegui fazer um levantamento dos atletas de grande parte do país, mapear quem precisava de ajuda, vendi canecas, camisetas, macaquinhos e consegui ajudar um número significativo de atletas de clubes de todo Brasil. Foi uma onda boa, mas passageira. Aos poucos não consegui mais vender, aos poucos, os que prometeram ajudar, foram sumindo. Ninguém mais remou por ninguém! A falta de solidariedade no esporte brasileiro é um tema que tem sido discutido há muito tempo.
Para mudar essa realidade, é fundamental que haja uma mudança de cultura dentro do esporte brasileiro. É preciso que os atletas, os dirigentes esportivos, a mídia e o público trabalhem juntos para criar um ambiente mais solidário e de apoio. Isso pode ser feito através da criação de programas de apoio financeiro e infraestrutura para os atletas, além de campanhas de conscientização sobre a importância da solidariedade no esporte.
E para concluir, vale lembrar que solidariedade nada tem a ver com posse, riqueza ou abundância. Prova disso é a World Giving Index (WGI), pesquisa realizada anualmente que ranqueia países de acordo com o nível de solidariedade da população. Em 2024, 145 mil pessoas foram entrevistadas, e de maneira geral os resultados são animadores: 73% da população mundial está envolvida em alguma atividade: doação, trabalho voluntário ou ajuda a estranhos, porém os líderes do ranking são países com alta taxa de pobreza (Indonésia segue em 1º lugar). O Brasil segue na lastimável 86ª posição[1].
Como amante do esporte e do remo, espero ver o Brasil virar a chave e se unir para promover o desenvolvimento do nosso esporte com a busca de recursos na iniciativa privada, programas de apoio financeiro, promover a educação esportiva, transparência financeira, responsabilidade social e claro, com solidariedade. Podemos sim, remar por todos. A vida é como um rio e ninguém precisa remar sozinho.
Link para download do WGI
https://www.cafonline.org/docs/default-source/inside-giving/wgi/wgi_2024_report.pdf
[1] Pesquisa foi realizada antes das chuvas do Rio grande do Sul
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11 comentário
Tatiana Euclydes Cassoli · 7 de fevereiro de 2025 às 18:46
Texto maravilhoso, rápido ,empolgante, reflexivo.
historiasderemador · 8 de fevereiro de 2025 às 09:46
Texto lindo, tal qual o projeto
Thalita provenzi · 7 de fevereiro de 2025 às 19:13
Que fantástica! Thaís, você é um exemplo de força e determinação pelos próximos! Admiro absurdamente o trabalho fantástico que vc faz pelos remadores no Brasil! 🤍
historiasderemador · 8 de fevereiro de 2025 às 09:45
Excelente. Temos que remar por todos.
Luiz Felipe da Silva · 7 de fevereiro de 2025 às 19:35
Lindo demais! Parabéns, Thays, pelo magnífico texto! Nosso esporte se fortalece quando agimos com cooperação e generosidade. Sabemos que o remo é uma modalidade cara, e o sistema de competições muitas vezes se torna um fardo financeiro aos clubes, devido aos inúmeros custos envolvidos. No entanto, quando nos unimos e cultivamos um verdadeiro compromisso com o crescimento da modalidade, podemos mudar essa realidade, tornando o remo mais acessível e inclusivo, especialmente para aqueles e aquelas em situação de vulnerabilidade. Suas palavras me tocaram profundamente, pois sou fruto de um projeto social e acredito no poder transformador dessas iniciativas. Sigamos juntos nessa jornada! Viva o Remo por todos! Continue firme, minha amiga!
historiasderemador · 8 de fevereiro de 2025 às 09:44
Grande Luiz você é uma energia positiva! SEMPRE
Raquel Denise Ewald · 8 de fevereiro de 2025 às 06:35
Eu sou fã do projeto Remo por Todos! Parabéns Thaís, pelo projeto e pelo texto! Sejamos solidários e empáticos o ano inteiro, as dificuldades estão no dia a dia, para muitos a crise é diária.
historiasderemador · 8 de fevereiro de 2025 às 09:43
Quem é do esporte sabe que o principal é o dia a dia
NERY ROMARIO MOREIRA · 8 de fevereiro de 2025 às 07:48
Parabéns pela iniciativa e sucesso no projeto.
historiasderemador · 8 de fevereiro de 2025 às 09:42
Valeu amigo
Rosângela · 10 de fevereiro de 2025 às 05:23
Parabéns pela reflexão e pelas ações. Infelizmente, com grande frequência vemos iniciativas importantes morrendo quer seja pelo desinteresse progressivo quer seja por ações em contrário, deliberadas. A vaidade ainda ocupa um grande espaço nessa conta. Mas, seguimos. O Rio é o esporte são maiores. Obrigada pelo texto.