Remo Master

Por Cesar Seara Neto

Nos primórdios do Remo, os barcos utilizados eram as Yoles, construídas com tábuas de madeira, pregadas sobrepostas, criando camadas tornando o barco pesado, muito pesado.

Há quem já tenha remado uma Yole a Dois, que além do peso elevado do barco, tinha que se carregar também o peso do timoneiro, antigamente chamado de patrão. Segundo relato do Antônio Boabaid, aquilo era uma verdadeira prova de fogo.

Os barcos eram largos e curtos, com o passar do tempo e sempre atrás de mais velocidade, as tábuas foram substituídas por lâminas de cedro, ficaram mais estreitos. Para se manter a alavanca dos remos, foram acrescentadas do lado de fora dos barcos, as abraçadeiras, em inglês, outrigger. Para manter a estabilidade e flutuabilidade, os barcos ficaram mais longos.

Os remadores sempre se orgulharam do seu porte físico, quer fosse sobre uma Yole ou num outrigger, o treinamento intensivo mantinha corpos alongados, com musculaturas definidas, nada em exagero, mas em perfeito equilíbrio de volume, capazes de impingir força ao remo e ter resistência para fazer força com velocidade, repetidas vezes durante uma prova.

Quando eu comecei a remar em 1980, havia um remador veterano, sempre remando seu Skiff, o famoso Odilon Maia Martins, vulgo Cocoroca, que recentemente completou 93 anos, ainda remando. Àquela época, ele tinha 56 anos, “um velho”, e é exatamente a idade que tenho hoje em dia.

Com o passar do tempo o tom pejorativo dado ao remo veterano, foi substituído por um termo mais digno, mais nobre, tendo sido promovido a Master, de mestre, maestria, professor, aquele que nos ensina e com quem devemos aprender.

Muitos remadores hoje em dia aposentados, buscam no remo a mesma alegria que já nos deu quando competíamos em busca das medalhas. Nosso objetivo hoje é ganhar saúde, tornar nossa vida mais agradável e prazerosa.

Há que se entender que após os trinta anos de idade, nosso metabolismo diminui de forma considerável e todas aquelas calorias que ingeríamos para suportar os árduos treinamentos, já não são queimadas da mesma forma. Os engenheiros químicos que são especialistas em balanço de massa e balanço de energia, sabem que neste processo metabólico as calorias (energia) não consumidas ficam armazenadas na forma de massa corpórea, os famosos pneuzinhos no entorno do abdômen.

Esta é a silhueta que vemos sobre os barcos, aqueles longilíneos músculos da juventude, hoje em dia mais arredondados, mas se engana quem pensa que numa competição de Remo Master, o principal objetivo é fazer turismo, dentro d’água ninguém quer perder.

Nos dias 29, 30 de abril e 1º de maio, acontece mais uma edição do Campeonato Sul-Americano de Remo Master, sediado neste ano na cidade de São Paulo, na Raia Olímpica da USP.

Cerca de 450 atletas com idades a partir dos 27 anos até os 93 do Seu Odilon, se enfrentarão nas raias, em provas de mil metros de distância, nos oportunizando disputas sensacionais.

Estou ansioso por esta minha segunda participação e principalmente para encontrar pessoalmente mais alguns amigos virtuais que estas Histórias de Remador vem me oportunizando.

Remarei com a delegação do Clube de Regatas Guaíba Porto Alegre, o famoso GPA, vitorioso em várias edições. Sabemos que este será mais um campeonato para lá de disputado, e pretendemos transmitir ao vivo algumas provas, mas sabemos que a logística para que isto ocorra, não será nada fácil.

Vamos nos encontrar pessoalmente?

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