Por que remar?

Publicado por historiasderemador em

Por Isabella Ibeas

Eu encontrei o remo por acaso do destino. Minha família sempre foi muito ligada a esportes. Tanto minha mãe como meu pai são educadores físicos por formação, então naturalmente nós sempre fomos muito empolgados com atividades físicas em geral lá em casa. E fazer algum esporte sempre foi “obrigação” na minha infância. Aos 13 anos, eu decidi que não queria mais nadar, e fui em busca de alguma aventura. Foi aí que encontrei o remo.

Obviamente que eu não tinha ideia do que era. E olha que eu passava pela Lagoa quase todos os dias. Mesmo assim fui lá ver qual era né.

Em janeiro de 2014, pisei pela primeira vez no que seria minha casa pelos próximos 5 anos: o Botafogo de Futebol e Regatas.

Acho que é uma coisa da comunidade do remo: uma vez que você entra, quer que todo mundo entre também. É como descobrir a maior preciosidade do mundo, um conhecimento que TEM que ser compartilhado. Na minha cabeça a dominação mundial do remo faz o maior sentido do mundo. Porque não tem como não amar esse esporte, e isso é obvio.

Daí naturalmente que começa as mil e uma maneiras de tentar convencer as pessoas a remarem (o que, diga-se de passagem, não é uma missão tão bem sucedida). E obviamente fica o questionamento por parte daqueles que acham que remo é canoagem: Mas remar por quê?

Han… porque é legal? Obviamente?

E bem, amigos, lamento dizer que não é tão obvio assim.

Então partimos para os outros argumentos, obviamente, irrefutáveis:

Porque faz bem para a saúde.

Porque é algo diferente.

Porque gasta muitas calorias.

Porque você fica mais próximo da natureza.

Mas sabe o que também faz essas coisas? Corrida, surf, nadar no mar, ciclismo. E vários outros esportes que são bem mais populares que o remo (é como se esses esportes fossem a galera popular do fundão na escola e a gente é apenas aquele aluno invisível – porém que esconde talentos incríveis – que senta bem ali no meio na sala de aula).

E bem, sendo sincera, lendo esses argumentos não sei se me convenceriam tanto assim se eu não conhecesse o esporte. Então pensei não na Isabella de hoje, que ama absolutamente tudo que envolva remo, mas sim naquela que decidiu continuar a ir dia após dia bem naquele início de 2014. Acho que ela é uma pessoa melhor para convencer qualquer um a achar aquilo que ela encontrou.

Nas primeiras aulas de remo a gente não rema de fato. O que foi fator número um para eu voltar no dia seguinte: Como assim eu não vou remar num barco hoje? Não é esse o objetivo da coisa toda? Remar? Em barcos? Na água???

Calma lá meu jovem ansioso. Primeiro você tem que aprender os movimentos básicos da remada. Saber o que é avante, ré, bombordo, boreste.

(Curioso? Então acho que você vai ter que remar para descobrir o que são essas coisas…)

Enfim, é por isso que as primeiras aulas de remo são no tanque, ou como chamam aqui em São Paulo, barco escola (eu particularmente acho esse nome meio brega, mas há controvérsias).

Caras, eu fiquei enlouquecida para ir para a água.  Eu dormia e acordava querendo pegar um barco e me jogar na Lagoa. Acho que foi na minha segunda semana que finalmente chegou o fatídico dia e lá fui eu, crente que eu tava sabendo de tudo e pronta para arrasar.

Não arrasei.

O meu barco era um canoe de fibra, e, portanto, não virava. Graças a Deus ele não virava. Se ele fosse de madeira (que é difícil, mas vira), eu teria dado um tchbum nas águas cristalinas da Lagoa Rodrigo de Freitas.

Mas mesmo toda desengonçada, no auge dos meus 13 anos e 45 kgs, eu amei. E agora eu tinha um novo objetivo: ficar fera no canoe de fibra para poder ter meu upgrade para o canoe de madeira.

Depois de certa insistência eu fui promovida com glorias (imaginárias) para o canoe de madeira. E de bônus, para a pré equipe. E aqui, nesse momento, que a coisa me pegou de verdade.

Acho que uma das coisas mais especiais do remo é a comunidade. As pessoas, o acolhimento, a felicidade e o companheirismo. É normal ver atletas mais velhos voltarem para o esporte junto de amigos que remaram na juventude e treinarem juntos, competirem juntos nas provas de master e claramente se divertirem um monte. E isso é algo que fica obvio desde o início quando se pisa num clube de remo.

O grupo da minha pré equipe era grande, de gente entre 11 a 18 anos aproximadamente. Era o passo anterior a equipe federada, que seria o suprassumo da existência esportiva para a gente. Então ali começaram as provas de canoe, os treinos em grupo, a formação de amizades para a vida toda (incluindo uma das minhas amigas mais queridas de vida: a Thalita) e o início das muitas histórias que eu tenho para contar. Eu, nesse início não remava todos os dias, mas ficava ansiosa esperando pelos dias de remo.

E essa empolgação aumentou quando eu competi a minha primeira Regata do Futuro, passei para a equipe, remei pela primeira vez um Skiff, participei da minha primeira regata estadual e de meu primeiro Brasileiro. De fato ela só aumentou quando comecei a treinar todos os dias, tive minha primeira vitória ( o que demorou rsrs) e fui convocada pela primeira vez para representar a seleção.

O que faz eu amar o remo é tudo. Foi o desafio e a novidade que me fizeram começar, mas foi a comunidade do remo e todas as suas histórias que me fizeram continuar. E caso você queira dar uma chance para o esporte, te garanto que não vai se arrepender.


2 comentário

Suzana Zelmanovitz · 17 de setembro de 2023 às 14:15

Adorei teu texto Isabela. Bom descobrir que não sou chata sozinha. Parabéns

Otávio de Paula · 26 de setembro de 2023 às 18:55

papoooooo

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