Por Cesar Seara Neto

A unidade de Força no Sistema Métrico é o Newton, em homenagem a Sir Isaac, que nos demonstrou de forma resumida que a força é o produto da massa pela aceleração. Já, o Trabalho realizado, não este que fazemos nas firmas, mas no campo da Física, é o produto da Força pelo deslocamento.

Muito trabalho até aqui não? Sim. Agora cheguei onde queria. Potência é uma grandeza para determinar a quantidade de trabalho realizado num tempo. Sua unidade é o Watt, ou um Joule por segundo.

Alguém já ouviu o termo: Remador de 450 Watts? Pois bem, este é o sonho de quem rema, ter pelo menos esta potência. E como eu faço para chegar a este valor? Treinando? Sim, mas não basta treinar, você já tem que nascer com o motor preparado para tal.

Nosso motor é o coração. O elemento principal do sistema cardiovascular, associado a sua capacidade respiratória, ou o quanto você consegue absorver de oxigênio. A grosso modo é o que será transformado em energia, ao ponto de movimentar seus músculos e por consequência o esqueleto.

Quem lembra da crônica “Eu vou morrer”, sabe que enfrentar um tiro no remoergômetro, não é brinquedo. É um verdadeiro desafio. No último final de semana, Jovens Talentos aceitaram este desafio de última hora, e provaram que estão preparados para outros. Ouvi muito a frase, agora o Campeonato mudou, ao que sempre respondi, mas mudou para todos.

Eu vi muita gente pequena em tamanho, fazendo muito grande, verdadeiros resultados gigantes. Como eu não sou especialista nisto, deixo para os inúmeros professores, conhecedores da fisiologia do esporte, para tecer comentários ao final deste texto, e quem sabe, fazer uma análise mais detalhada, levando em conta a potência relativa, algo que me chama a atenção e tentarei escrever a seguir.

Pessoas mais altas tem mais envergadura, no remo isto é fundamental, eles têm mais alavanca. Eu costumo dizer que tem pessoas fortes, outras tem força. Aqui me refiro aqueles mais volumosos, os forçudos, mais massa muscular, e aqueles de compleição mais acanhada, mas que movem pontes. Um exemplo é o famoso Liquinho, pouco mais alto do que eu, mas um trator para fazer força. Ele rema qualquer barco, até o temido e pesado Dois Com.

Entretanto no Remo, não basta mover a ponte, tem que movê-la durante um determinado tempo, algo próximo a seis minutos, agora falamos de resistência. Aqueles com motor potente, sobrevivem com um giro do motor mais baixo, persistindo por um tempo maior, ao passo que, nós franzinos como eu, temos que manter o giro lá em cima. Haja coração!

Pessoas mais altas, normalmente tem mais massa, inclusive muscular, batizada de magra, útil para realizar trabalhos. A capacidade de absorção de oxigênio chamada de VO₂ máximo, não é muito fácil de medi-la, fórmulas indiretas são utilizadas para o cálculo, ou testes com aquelas máscaras.

Podemos dizer então que remadores mais altos e pesados, tem mais potência, devido a alavanca, mais massa muscular, porém, precisa ter motor, coração! Aqui vem o conceito de potência relativa, quantidade de Watt produzido por quilo de massa corporal, o que de certa forma, é um alívio para nós tamanho pocket.

Um grande conhecedor do esporte e da fisiologia, me afirmou: não adianta, tem gente que nasce com motor um ponto zero, outros um ponto quatro, e tem os que nascem turbo.

Agora, uma coisa é certa, sem o devido treinamento e dedicação, estas linhas são apenas devaneios conceituais incapazes de mover uma palha.

Quem leu este texto até aqui e pensou que eu esclareceria alguma coisa, me aproveito dos ensinamentos do grande Chacrinha que dizia ter vindo para confundir, e não explicar.

Dedico esta crônica a você que prestigia o Remo e o torna maior, mais completo e belo do que já é.

Em tempo: Após eu ter escrito estas linhas, Martin Sinkovic, sentou na máquina e remou seis mil metros em menos de dezoito minutos. Só para a minha mãe entender, eu não consigo remar quinhentos metros neste ritmo. O que ele tem? Força, resistência ou potência relativa? É fácil responder, sabendo que ele tem duas medalhas de ouro olímpicas.

Créditos foto: João Matos/GNU